Em 2015, um grupo de super-humanos escapa de uma base do governo para salvar o mundo, e acaba descobrindo uma série de segredos sombrios. Essas são suas histórias.

Irmãos de Armas - Parte 2

Fronteira da União Soviética/Afeganistão
Dezembro de 1982 - 2100 horas

Eram 4 soldados se preparando para descer, o primeiro já descia a medida que o capitão Nathan Flynn ordenava "Ghost, Blink, vão vão vão", já se inclinava para descer do pássaro quando da um tapa no ombro do piloto "Estamos ok, boa sorte Delta 4, indo" dizia o piloto a medida que o último saltava para o solo árido quase sem
fazer barulho, podia ouvir no rádio um chamado da central "Delta 4, aqui é Ninho da Cobra, cambio, vocês nos escutam?".

Nathan girava a mão no ar pedindo pro grupo reagrupar e testarem seus equipamentos, aparentemente tudo corria de acordo "Ninho da Cobra, aqui é Delta 4, checado, Prowler desligando". Olhava para seus subordinados, Grease, Ghost, Blink, haviam todos sidos escolhidos a dedo por ele mesmo. Grease era ex-fuzileiro naval, entre eles talvez o mais experiente, tinha participado em diversas missoes de infiltração e trabalha com materiais eletrônicos e tinha se formado em física no Colorado. Ghost era um soldado perdido que Nathan encontrou no Vietnã, fazia parte de um dos vários grupos mercenários da SAD, era muito hábil com armas de fogo e facas, tinha uma frieza fora de série. Por último, Blink, a única membro feminina do esquadrão Rogue, o soldado com certeza mais ponderado em matéria de habilidades e principalmente decisões, se trata de uma daquelas raridades que se acha perdido em meio ao inferno da guerra, considerada um gênio pelos superiores, ela apresentou em todos testes as mais altas notas em matéria de estratégias, táticas e deciões em campo, além de ter experiência razoável em campo, era tida como aprendiz pessoal de Nathan para liderar futuramente outros esquadrões, fora apresentada a ele pelo
Major Peterson, velho amigo de guerra, que liderava uma das 3 equipes com as quais agiria em conjunto nessa missão.

Tenente Kyle Ivanovich Peterson, havia servido com Nathan durante suas missões encomendadas pela CIA no Vietnã, era seu amigo de mais longa data, contou com sua ajuda no recrutamento e formação da força Delta há alguns anos.

O Lider da outra equipe seria o Capitão Samuel T. Gault, grande amigo, com qual serviu anos na guerra, e também ajudou na criação da força, são irmãos de armas, participaram juntos de várias missões encomendadas pela CIA.

Os 3 eram tidos como soldados lendários de guerra anteriores.

"Vamos encontrar com as outras 2 equipes no ponto combinado, vamos" enquanto caminhavam além das linhas inimigas, ao norte do Afeganistão, em meio a território ocupado pelos soviéticos, os quais combatia junto as resistências locais. Haviam combinado de encontrar com parte da resistência afegã dentro de um prédio civil, para então receberem parte da inteligência da missão que era invadir uma base soviética além da fronteira, em território soviético, e lá capturar um importante líder da inteligência russa, que era o responsável por organizar o envio de tropas naquela região. Tinham permissão também de eliminar toda e qualquer resitência que houvesse por parte inimiga, inclusive baixas civis.

No local combinado se encontravam algum tempo depois com as outras equipes, que já aguardavam, a operação Cold Storm estava pronta para ser iniciada, consistiria na entrada da equipe 1, liderada pelo Major Peterson, na base utilizando de um caminhão roubado, as outras 2 equipes desempenhariam seus objetivos em pontos distintos, a equipe 2(a de Nathan) entraria por um antigo túnel cavado pelos locais que dava nas proximidades de um armazem de armas não muito distante dos muros de uma parte menos guarnecida da base, equipe 3, liderada pelo Tenente Jackson, faria a cobertura pelos prédios vizinhos da base, de prontidão com os veículos de extração e equipamento de comunicação para avisar o comando do status da missão e providenciar baldeamento para fugirem pelas montanhas através de helicopteros.

"Equipe Alpha, entrando..." comunicava a equipe 1 a medida que passavam pela checagem da base "Estamos dentro do armazem de veículos, equipe Sierra, prosseguir", dado o sinal Nathan e sua equipe ultrapassavam o primeiro muro da instalação "3 Tangos a vista" avisava Ghost, "Grease, Ghost, comigo" aproximavam de uma pequena patrulha que conversava perto de umas árvores, no jardim que dava para parte dos prédios do complexo. Sinalizava com as mãos e logo desferia o primeiro disparo contra um dos alvos, os outros 2 alvos surpreendidos já começam a pegar em armas quando Grease desfere o segundo dispardo de outro ponto, confundindo ainda mais o soldado remanescente que n tem tempo de gritar, pois Ghost cortava seu pescoço com uma faca "Sierra falando, Tangos neutralizados a Noroeste da sua posição Alpha, cambio", Blink se aproximava dos outros integrantes, e logo avançavam para dentro de um dos prédios do complexo.

"Lima na escuta, Sierra e ALpha temos tangos se movimentando na direção Nordeste da base, aparentemente com escolta blindada, pode ser o nosso pacote, cambio", avisava a equipe 3 "Sierra copia, estamos dentro do bloco 5 do complexo A, não temos visão clara, mas conseguimos ver pelas janelas alguma movimentação, cambio" dizia Blink a medida que fazia o reconhecimentos das salas enquanto a equipe a seguia, "Capitão, temos 2 tangos no corredor, possivelmente outros nas redondezas, sugiro aguardamos melhor posição, eliminá-los e prosseguir". Nathan sinalizava aos outros 2 para segurarem suas posições enquanto sinalizava para Blink que iriam fazer como ela sugerira, não demorara muito tempo até que Blink sinalizava para Nathan e este ordenava para prosseguirem, eliminando mais dois sentinelas, Blink quebra o pescoço de um com um giro de perna e Nathan estocando vários pontos vitais com uma faca enquanto segurava sua boca, dando nenhum tempo de reação para ambos.

Logo avançavam para perto do bloco do complexo aonde tinham informação que seria o centro de comando da base "Aqui é Sierra, estamos na proximidade do centro de planejamento aonde supostamente estará o pacote, Alpha, qual sua posição? Já tem contato com o...?" antes que Nathan possa terminar sua frase ele escuta o barulho de
disparos vindos das proximidades, de imediato ele e a equipe se prontificam e procuram cobertura, esperam alguns segundos e no rádio Nathan diz "Sierra na escuta, Alpha, na escuta?", sem resposta ele repete "Alpha, na escuta?... Lima, você nos escuta?" já tentando estabelecer contato com a outra equipe "Lima na escuta, Sierra, não temos visual do Alpha", com um soco na parede Nathan olha para o ar e blasfema "Maldição, aonde vocês estão diabos?", olha para sua equipe pensando no que dizer quando Grease diz "Capitão, talvez fosse melhor prosseguirmos para a sala de controle de segurança e neutralizar todos possiveis alarmes, duvido que ninguém tenha ouvido esses disparos, por mais que faça barulho lá fora, alguém aqui de dentro deve ter escutado", "Afirmativo senhor, as nossas melhores chances são de nos dividirmos, em 2 grupos, 1 ir de encontro do som dos disparos e averiguar se Alpha está ok, e o outro seguir com o plano de Grease, eu vou com ele e o senhor vai com Ghost" dizia Blink para Nathan que arrastava os dentes, "Negativo, Grease, você irá sozinho para o centro de segurança, você sabe aonde está localizado não é?", "Sim Senhor, estudei as plantas do prédio senhor, não devo demorar a encontrar", "Você
consegue se virar sozinho lá?" perguntava relutante Nathan, "Sim Capitão, não se preocupem comigo" bravamente respondia Grease, que também era conhecido pela sua coragem, sabia que não se deixaria ser pego tão facilmente.

"Ok então, Ghost, Blink, comigo" e seguia adiante com armas preparadas, por um, dois corredores, escutava novamente disparos, dessa vezes parecia que eram rajadas, tinha que agir rápido, a essa hora alarmes começariam a soar e FUBAR. "Rápido Blink, Ghost" a medida que virava um corredor e já avistava alguns alvos e disparava contra eles, o tiroteio começara, "Lima, aqui é Sierra, estamos engajados em combate, como está a situação ae?", e meio a barulhos de disparos e gritos, "Sierra, aqui é Lima, sem sinal do Alpha, estamos escutando tiros, está tudo bem ae?", "Rá, nada podia estar melhor" virava da cobertura e acertava mais 2 soldados a medida que Blink gritava para Nathan buscar cobertura, ela as vezes não suportava o descuido de seu Capitão, já Ghost parecia estar totalmente avontade, o sorriso em seu rosto contrasta com suas palavras "Senhor, nada como um pouco de aquecimento antes da partida não?", Blink xingava os dois cowboys a medida que retornava fogo "Homens, malditos idiotas... Pára de atirar em mim maldição!!" desferindo um disparo certeiro contra um dos soldados que suprimia fogo contra sua posição, "Olha as maneiras gúria, não te criei pra ser assim bwahahaha" ria Nathan a medida que se deitava de costar contra a cobertura, e recarregava "Pro inferno seu velho tarado!" atirava mais uma rajada, "Capitão, me diga, como é? é rosa?" se divertia mais que nunca Ghost, "Denovo isso, vai te ferrar Ghost, se liga que estão flanqueando a sua posição" gritava Blink enfurecida, "Ghost, a 2 horas, me cobre que eu vou avançar" gritava Nathan, "Aye!" enquanto Ghost suprimia fogo e Blink atirava em sua direção quase o atingindo "Tu tá maluc..." para em seguida ouvir disparos no seu flanco esquerdo "Maldito seja Ghost, se cobre, Tangos a 9 horas" a medida que suprimia fogo e mudava sua posição e mais tiros vinham em sua direção "Valeu Docinho, cobre o capit..." dizia Ghost enquanto olhava e via que Blink estava ferida na região do abdomen "Blink!! Você tá ok?", "Já tive dias piores, pega aqueles desgraçados atrás do corredor e me livra a posição duma vez, vou avançar e auxiliar o capitão", "Roger" se levantava Ghost atirando certeiramente contra um dos inimigos e já fazia outros 3 recuar um pouco.

Nathan Estava a alguns metros adiante, já tinha virado contra uma escada, ouvia passados descendo e puxava sua pistola e disparava na esquina, atingindo alguns nas pernas e outros no peito a medida que os soldados vinham descendo, avançava agora para dentro de uma sala após atravessar correndo a afrente da escada e suprimindo fogo contra os alvos a sua frente no corredor, "Lima, aqui tá meio congestionado, tem como você me criar uma distração?", "Sem problemas Prowler" retornava Lima a medida que escutava mais disparos e explosões do lado de fora, "Grease, cume que tá as coisas ae? Algum sinal daqueles escrotos do Alpha?" Nathan falava no rádio em meio ao fogo cruzado, "Senhor, estou desabilitando os alarmes, me dá alguns segundos" respondia Grease aparentemente com pressa, 'Ótimo, aquilo que era pra ser um passeio no parque agora me vira um pesadelo na montanha russa', pára
um pouco olhando para o ar Nathan que aparentemente tentava se lembrar de algo 'Era rosa ou era a enfermeira?'.

"Desculpa a espera senhor, consegui desabilitar o sistema de segurança da base, estou me dirigindo para junto de vocês, Grease desligo!", "Bom trabalho Grease, tente contornar o setor por onde viemos, estou do outro

lado do andar daonde entramos, muitos tangos, vou tentar descer para o andar inferior, tente me encontrar lá, Prowler desligo", Nathan olha pelo corredor pensando aonde estariam Blink e Ghost, conseguia ver o tiroteio na ala lá trás, mas não os via, deviam ter mudado suas posições, precisavam se juntar a ele, estavam muito dispersos, "Blink, Ghost, aonde diabos vocês estão? Estou aguardando vocês avançarem até aqui para perto das escadas, precisamos seguir para o nivel inferior" gritava Nathan no rádio enquanto limpava o caminho sem descuidar da retaguarda, estava com posiçao vantajosa para seguirem adiante, suprimia fogo e elimava alguns inimigos a medida do possível, "Senhor, estamos com dificuldades aqui desse lado, vamos tentar avançar, mas estamos sendo pegos pelos flancos, se o senhor puder nos cobrir de alguma form..." nesse instante Nathan ouve estática no rádio, gritos, barulhos de tiros, fumaça daonde estariam Ghost e Blink "Hey, Ghost, BLink, respondam!" NAthan desesperado tentando obter resposta e já se preparando para ir ao encontro deles "Capitão, a Blink foi gravemente ferida, elá está no corredor oposto ao meu, muita fumaça, não consigo ver direito, vou tentar ir até lá", "Ok, estou indo também" enquanto corria na direçao da posição de Ghost e Blink, quando se esgueirava pela cobertura podia escutar tiros e mais tiro, gritos de Ghost, já o via correndo, quando suas costas recebem um grande impacto de uma bala, ele desequilibrado mas sem soltar a arma cai ao chão, o rastro de sangue é visível, Nathan na mesma hora já chega virando na direção daonde viriam seus agressores e abate mais um inimigo, ainda que consiga ver que eles estão se agrupando e se organizando.

"Ghost, aonde está a Blink?" perguntava Nathan a Ghost, "Elá estava cobrindo o lado oeste senhor, que dá para o Hall, a ultima vez que a vi ela estava suprimindo a vinda deles para essa posição, mas o fogo forte a obrigou a se distanciar da minha visão, quando ouvi uma explosão e fumaça para todo lado", "Ok, consegue se apoiar
em mim? vamos de encontro a ela", "Negativo senhor, o senhor vai, eu consigo segurálos aqui, não se preocupe com esse ferimento, eu sobrevivo", Nathan concorda com a cabeça e se afasta, enquanto ainda consegue ver Ghost se recobrando e cobrindo-o a medida que avança para aonde Blink havia tomado posição, "Blink, Blink, aonde está você" gritava Nathan em meio a fumaça e tiros que vinham dos niveis superiores e inferiores, assim como também dos corredores laterais ao hall, era uma posição que requeria deveras sagacidade para cobrir, aparentemente Blink estava fazendo bem seu trabalho, pois ainda não haviam avançado "... Prowler, senhor, aqui!" gritava em meio a tossidos, quase que imperceptíveis, havia uma pequena mesa de metal, rodeada de vasos quebrados, fragmentos de concreto, aonde Blink estava entricheirada, podia se ver também uma grande poça de sangue, Blink parecia severamente ferida, com uma mão ela segurava a arma, a outra pressionava o ferimento como que tentasse estanca-lo com um pedaço de tecido, "Blink, vou cobri-la, venha até mim", "Senhor, eu não ...", "Pros infernos gúria, não me venha com essa merda, é uma ordem, venha pra cá agora!" esbravejava Nathan enquanto abria fogo. Blink ainda
segurando a dor não responde e num momento de adrenalina supera a dor e vem correndo em direção a Nathan, e logo recua a medida que ela segue corredor adentro, indo na direção aonde Ghost estaria, Nathan joga uma granada de fumaça e a acompanha, "Vamos vamos vamos, Ghost, hora de seguir!" gritava frenéticamente Nathan enquanto corria
acompanhado de Blink a qual dava suporte para andar, "Ok!... agora um presentinho pra vocês babacas" replicava Ghost enquanto puxava o pino da granada e arremessava na direção dos inimigos que suprima fogo.

Os três membros correm para aonde Nathan anteriormente estava, descem para o nivel inferior, ainda ouvindo tiros e explosoes, agora também sentiam o local inteiro estremecer, corriam quase que sem pensar, atiravam em quem surgia a frente, até que em meio ao caos conseguem ver Grease, que logo os avista e os chama "Aqui, vamos vamos!!!" gritava Grease, novamente equipe Sierra estava reunida, "Bom trabalho com a segurança, tivemos alguns contratempos como você pode ver Grease" zombava Nathan, todos pareciam ter sua moral renovada, Blink agora tinha tempo de tentar enrolar o ferimento, Ghost parecia possesso, mesmo com um ferimento bem grande em suas costas ele não parecia se abalar, tanto que ria. "Bem senhor, acho que iremos mais precisar dos alarmes de segurança, esse lugar inteiro está tremendo e envolto de explosões, está um pandemonio lá fora do lado Sul do complexo, deus sabe
-se lá o que estará acontecendo lá" dia Grease enquanto ajudava Blink, "Deve ser o Sam, ele é bom em criar encrenca, temos que achar Pete e seus homens, fazer o que tinhamos que fazer e dar o fora daqui" dizia freneticamente Nathan, "Cê tá de sacanagi Capitão, não acha que o infeliz já ouviu todo esse estardalhaço e já deu
com o rabo entre as pernas?" retrucava Ghost, "Soldado, se não conseguirmos levá-lo daqui prefiro que os homens dele o levem o que sobrar dele num saco, ele não pode estar tão longe, lembre-se que eles estão em vantagem numérica e não fugiria dessa forma, russos são arrogantes demais pra isso, e além do mais se o Major já os
encontrou e está com dificuldades pra se comunicar conosco temos que ir ajudá-los! Estão comigo?", em unissom os três respondem "Quem ousa vence!", "Ótimo! Me lembrem de inscrevê-los para o coral no ano que vem" brincava Nathan, contende com o espírito de equipe de seu time, logo partem dali e avançam mais alguns niveis para baixo, estavam adentro demais na base, voltar seria um trabalho bem esgotante, no entanto sabia que teria que contar com todo caos que puder para escapar dali com o menor esforço possível.

Enquanto correm parece que a quantidade de soldados diminue, muitos deles estariam nos niveis superiores, aqui aonde estavam parecia ser algum centro de comando, logo começavam a ver também salas com cheiro hospitalar, ao que parecia agora se tornar um grande laboratório, 'Que porra eles fazem aqui? Isso tá muito estranho' pensava Nathan consigo mesmo. Seus pensamentos subitamente são interrompidos com barulhos ensurdecedores e o local estremecera fortemente, rachaduras no teto podiam ser vistas, os soldados se desequilibravam, conseguiam ouvir algo de grandioso uns 100m a frente, logo começam a correr na direção daquilo, Nathan já havia visto estragos grandiosos como esse anteriormente, em uma missão no Irã, foi quando descobriu que existiam coisas a qual soldados como ele estavam alheios, tinha ordens de que em casos como aquele anterior ele teria que recuar com sua equipe, um frio em sua espinha tomava conta de seus pensamentos assim que avançavam. Apesar de seus superiores nunca darem detalhes sórdidos ele estava ciente de rumores que em agencias do governo e também não governamentais existiam
coisas obscuras, imaginava sempre depois do ocorrido no Irã se projetos de soldados biologicamente alterados fossem realmente uma realidade, após muita reflexão e das atrocidades que já viu em anos dse experiência, ele tinha certeza que o homem seria capaz de qualquer coisa por poder.

"Soldados, deixem que eu vá afrente, muito cuidado agora" advertia sua equipe, que se aproximava agora lentamente a medida que os estragos e corpos de pessoas mortas surgiam, após alguns metros eles viram num corredor e chegam ao que parecia ser uma sala de controle estratégico, vários computadores destruidos, um grande rombo no teto por onde entrava a tempestade do lado de fora, em meio a água, ciscos elétricos de cabos cortados, escombros podia ver corpos de soldados russos fortemente armados, aparentemente aqueles eram mais do que soldados, "Céus, que diabos aconteceu aqui?" indagava-se Blink, "Veja senhor, membros da GRU!!" Ghost apontava para o chão, corpos e mais corpos, no momento que ele dizia aquilo sabia que algo muito ruim estava acontecendo ali, algum grande sabichão da inteligência ou dos idiotas da resistências novamente tinham ferrado com tudo, toda missão agora
mudara, tinha que tirar seus homens dali, sabia da gravidade da situação, e nem se preocupava em explicar para seus homens "O Seguinte Deltas, muita atençao! Iremos dar o fora daqui, a missão foi seriamente comprometida, explicarei para vocês quando voltarmos, vamos!" dizia Nathan já pronto para irem, atonitos e sob protestos e
principalmente sem compreender os membros de sua equipe o indagavam "Senhor, o que está acontecendo?" dizia Blink, "Já disse! FUBAR, vamos dar o fora... Lima, Aqui é Sierra, algum sinal do Alpha? Estamos extraindo, repito, abortar missão!", Nathan insistentemente repete o comando pelo rádio, sem resposta caminhando impaciente pela
sala, logo Ghost diz em desespero "MERDA!!! que porra é essa?!!!" apontando para direção de alguns escombros, Nathan e sua equipe olham espantados e veêm o que sobrou de parte de 2 membros da equipe Alpha, estavam completamente dilacerados, não demora muito até acharem um terceiro homem, mas sem sinal do Major Peterson, 'Merda, merda!! Mesma coisa que da outra vez, tenho que dar o fora daqui com minha equipe!' pensava rapidamente Nathan, que já gritava e sinalizava para seus homens o seguirem para evacuarem daquele complexo, começava escalar os escombros, era a saída mais rápida que tinham daquele lugar, logo que chegam a superfície vem uma base e até
prédios vizinhos e civis fortemente danificados, logo começam a correr dali. A medida que corriam Nathan gritava no rádio chamando pela equipe Lima, o Capitão Gault não respondia, as vezes também ouvia muita estática e ruído, talvez toda aquela tempestada estava atrapalhando a comunicação.

"Sierra, aqui é Lima, responda!!! Estamos com baixas aqui, precisamos de sua ajuda!!" finalmente respondendo aos apelos de Nathan, "Sierra na escuta, Alpha abatido, precisamos abortar missão, procedendo para missão de evacuação Lima, me escuta?!!", já estavam a essa altura fora da base, correndo em meio a cidade, era
incrível, destruiçao para todo lado, se escutava tiroteios para todos lados, parecia uma guerra civil urbana, "Lima, aqui é Sierra, você me escuta!!!?", após alguns minutos Nathan consegue escutar apenas um veículo batendo em algum lugar não muito próximo dali, ele olha por entre a esquina aonde ele e sua equipe estão e vê o que
aparenta ser o Capitão Gault dentro de um veículo que seria utilizado para extração das equipes, ele consegue ver alguns soldados russos aparentemente da GRU se aproximar de sua posição, "Ghost, Blink, fiquem aqui, eu e Grease vamos verificar aquele veículo, talvez seja o Lima, tentem não darem sua posição, só atirem se eu der sinal, estamos aparentemente cercados por uma unidade inteira de Spetsnaz GRU, e sem discurssões!" Nathan já começa a correr enquanto Grease nem tempo tem de pensar e acompanha, ambos entram em um pelos fundos de um estabeleciomento próximo ao local,do tireteio, e se esgueiram pelos flancos inimigos, conseguem ouvir forte tiroteio, e a medida que se aproximam, uns 2 minutos se passam, agora já conseguem visualizar um grupo em franco tiroteio com 2 membros da equipe Lima, um deles é o Capitão Gault, o veículo em que estavam já se encontra totalmente fora de jogo. Com
um sinal Nathan diz para Grease o cobrir enquanto avança para ir até a posição da equipe Lima, concordando começa o tiroteio e Nathan a correr, tinham pego os soldados inimigos em posição desvantajosa, nisso Nathan consegue avançar até a equipe Lima, logo Nathan está junto deles e diz "Saudades Gault?", "Tu não morre não Nate? estamos faz algum tempo entrar em contato com vocês, mas alguém fez o favor de ferrar com a gente" Gault mostra os comunicadores destruidos, além de seus uniformes avariados e cheio de sangue, "Cadê Soap e Mice?" indaga Nathan sobre o restante da equipe, "Mortos, logo que percebemos essa merda de cidade estava citiada de GRUS" respondia Gault, "Esses ae são GRUs?", a medida que abria fogo, "Alguns sim, talvez uns 3, vimos vários dele desembarcando e se espalhando junto a equipes de soldados liderados por eles... como esses!! Parece que alguém soou o alarme silencioso, parece que toda russia veio nos confrontar aqui!".

Em meio ao fogo Nathan pergunta a Gault "E nosso helicoptero? Vocês conseguiram entrar em contato com o Ninho da Cobra?", "Conseguimos chamá-los no instante que vimos a merda toda acontecendo, que diabos aconteceu com o Alpha afinal?" perguntava Gault, "Mortos, deus sabe-se lá pelo quê, mas deve ser algo semelhante ao que vimos no Irã para fazer tanto estrago", "Não brinca!!" espantava-se Gault, "E tem mais, nenhum sinal do Major Peterson, também não tive tempo de vasculhar todo local, não tenho notícias dele, e você?", "Porra nenhuma, perdemos contato com a equipe Alpha assim como vocês", "Temos que ir andando então, vo sinalizar para Grease vir para cá e vou informar Blink e Ghost de nossa situação", "Ok, faça isso!", Nathan sinaliza para Grease e ao sinal de Nathan Gault e o outro membro de sua equipe, Frostie abrem fogo junto a Nathan, nesse exato momento que Grease começa avança um rastro de fogo corta o quarteirão e uma grande explosão atinge o prédio aonde Grease estava, Nathan e companhia só conseguem ver os escombros vindo abaixo para cima de Grease apesar de um braço seu ser visto voando
em direção a rua. "MERDAAAAAAAAAAAA!!!! Blindado!!!, temos que vazar daqui Gault, vamos vamos!!!", os 3 começam a correr, Nathan começa a gritar no rádio "BLink, Ghost, respondam!!! Aqui é Prowler, respondam!!!", "Blink na escuta senhor!!!", "Blink, Ghost, estamos sob fogo de um blindado, Grease está morto, quero que vocês deem a volta pelo quarteirão e nos encontrem lá, nosso transporte está vindo, desligo!!!", Nathan Gault e Frostie só tem tempo de correr, o quarteirão atrás deles está tomado de soldados e de um blindado que começa atirar, pedaços de Frostie
começam a voar e sangue para todo lado, uma metralhadora de alto calibre, provavelmente a do blindado o atingira, Nathan e Gault correm e cada um se separa para um lado do quarteirão, "Eu dou a volta e vejo vocês lá na frente Nate!!!Vai vai vai!!!" grita Gault, "Ok!!!" a medida que começa correr.

Nunca correra tanto em sua vida (na verdade sim, mas cada vez parece ser a mais desesperadora), quarteirão após quarteirão Nathan custa a achar BLink e Ghost, só consegue ver soldados inimigos 'Diabos, aonde estarão eles?', em meio a tiros vindo em sua direção percorre um pouco mais as ruas e lá avista Blink, e o helicoptero falcão negro, aparentemte Blink está com Ghost em seus ombros, Nathan se aproxima e pergunta "O que aconteceu com Ghost??", "Senhor, estavamos cercados, eram muitos!!!", gritava desesperada Blink com Ghost morto em seus braços, "Ok ok, olhe pra mim gúria, vamos dar o fora daqui, vocês viram o Capitão Gault?", "Não senhor, você o viu?" perguntava Blink, "Sim, ele est..."antes que consiga terminar mais tiros e o blindado se aproximam do quarteirão aonde estavam, de longe consegue ver na lateral de um dos prédios Gault, com o caminho até eles lotado de inimigos, "Piloto, vamos dar a volta, vamos pegar o Capitão Gault dando a volta no quarteirão, vai vai!!!", começam a levantar voô em meio a fogo cruzado, o blindado atirando na direção deles, o helicoptero começa a levantar voo e é parcialmente atingido mas conseguem voar, ainda que com problemas, eles logo dão a volta no quarteirão para pegar Gault, no entanto como que num flash de segundos tem a visão um missel vindo em direção ao helicoptero, o ultimo som que consegue se lembrar é de um estalado pois um ensurdecedor barulho de explosão e o helicoptero girando para todos os lados, não consegue ver mais Blink, mas consegue ver o corpo de Ghost sendo
arremessado para fora, Nathan se segura como pode e mal tem tempo para pensar, quando é arremessado para fora no ar, em seguida um forte estrondo e explosão quase que o ensurdecem.

A última lembrança que tem do momento é de estar estirado no chão totalmente ferido, mal conseguindo se movimentar, os escombros do helicoptero em chamas na rua, o barulho dos soldados e do blinda virando a esquina, e um pouco + longe Gault, olhando de uma viela os soldados russos se aproximando do local da queda, aonde Nathan Flynn, codinome Night Prowler, estava. A única coisa que conseguia pensar naquele instante era 'Vai Gault, vaza... e te cuida'. Em seguida o que ele viu era Gault recuar, no entanto sob forte fogo do blindado e dos soldados. Após algum tempo em meio a explosoes e tiros o blindado e os soldados param de atirar, e avançam sobre a posição aonde Gault estava, para então Nathan perder a consciência.

Nathan havia sido capturado, além das linhas inimigas.



Em algum lugar da União Soviética
Meados de 1983 - xxxx horas


"Senhor, senhor, ele está delirando" falava ao pé do ouvido o soldado para a figura que o interrogava.

"Acordem-no!" gritava o interrogador, os soldados levantavam o rosto de Natham e o estapiavam gritando

para recobrar a consciência, "Senhor Flynn, consegue se recordar de qualquer coisa relacionada ao que lhe perguntei? o senhor tem alguma ligação com a SWORD? O senhor viu alguém que tivesse conhecimento dessas informações que eu estou lhe dizendo? responda!!" esbravejava sem paciência quase que rosto a rosto com Nathan, que podia enxergar um pouco suas feiçoes, mas de nada de recordar de sua identidade, ao que parece nunca o vira na vida.

"Dane-se..." dizia Nathan em deboche enquanto começava a rir da cara do interrogador "Afinal de contas... eu só tenho um olho HAHAHAHAHAHA" gargalhava enquanto os cabelos longos e surrados de seu rosto mal cuidado mostravam as marcas que herdara daquele dia fátidico, quando perdera seu olho esquerdo, além das diversas cicatrizes espalhas pelo corpo.

*Opção de OST para escutar desse ponto em diante: Long as i Can see the light -Creedence

Algumas horas depois Nathan haveria de ser resgatado pelos militares americanos, de acordo com as informações que lhe deram ele havia sido o único sobrevivente daquela operação desastrosa. Ali se encerrava sua carreira militar, já poderia retornar para casa, para junto de sua esposa.

Em sua Memória ficaria apenas a imagem dos bons companheiros de armas que teve...


EUA, Dallas - Texas
Fevereiro de 1984


Quase 1 ano e meio após sua soltura do cativeiro, o reformado e altamente condecorado Major Nathan Flynn recebe uma correspondência cujo rementente tinha os dizeres ISC.

Irmãos de Armas - Parte 1

Em algum lugar da União Soviética
Meados de 1983 - xxxx horas

Era escuro, desconfortável, pouca luz entrava, mal se conseguia enxergar além de onde seu corpo se curvava. Sua visão turva e sobrancelhas inchadas não colaboravam também, conseguia apenas sentir o terrível cheiro de urina e suor, além de um forte cheiro de ferro. Suas mãos estavam atadas, nu amarrado por cordas entre os pulsos, sendo uma de suas pernas com várias fraturas. Era nesse estado que Nathan Flynn se encontrava, encostado contra a parede fria e enrugada de algum lugar frio, além das linhas inimigas.

Pouco se lembrava de quanto tempo haveria passado, o local onde estava era fechado, o vapor de frio que se formava a cada vez que respirava era a única prova que estava em local extremamente hostil e de baixas temperaturas, além do fato de estar em um local provavelmente profundo, pois a sensação térmica não o havia matado ainda, muito menos o deixado delirando. Tinha experiência disso, pois da mesma forma como se comportava um deserto árido um local extremamente frio também retém altas alterações climáticas, geralmente em montanhas ou em locais muito abertos mas de grande profundidade.

A sua esperança de que estava vivo se renovava a cada vez que ouvia o barulho que escutava naquele instante, do metal se retorcendo e trancas se abrindo. Alguém abria a reforçada porta e adentrava em seu cativeiro, outras três pessoas adentravam junto, severamente armadas e outras duas puxando alguns cabos e carregando parecia que apetrechos metálicos, que ressoam barulho de claques a medida que eram trazidos e arrastados pelo chão, por último conseguia apenas um homem falando em russo para que trouxessem as cadeiras, e logo alguns deles se prontificavam na porta, fechando-a.

Uma forte luz agora machucava seus olhos, podia sentir seu corpo sendo levantado por dois soldados, e colocado a sentar na cadeira de metal, sem tem como resistir apenas pende seu corpo para frente pela falta de forças para manter uma postura avantajada. Logo escutava algumas palavras entre os homens, que logo prontificavam suas armas e mantinham-se a postos do seu lado, segurando seus ombros para que pudesse ficar de cara para luz.

"Sei que pode me ouvir Codinome Delta 4C, ou eu deveria de chamá-lo de capitão Nathan Flynn codinome Night Prowler?" falava o homem a sua frente, à medida que sua visão tentava se acostumar com a luminosidade, "Como pode ver descobrimos algumas coisas a respeito de você e seus homens, à medida que a cooperação coletiva entre nós e nossos informantes se concretiza... Veja bem senhor Flynn, o mantemos vivo ainda porque temos razões para crer que o senhor estava até datas anteriores a sua vinda para cá, envolvido com membros da SAD, mais especificamente com um grupo paramilitar ligado a altos escalões do governo Americano, conhecido também como S.W.O.R.D. (Silent Warfare Operations Rogue Division) aonde aparentemente vocês desenvolvem experimentos em campo com soldados especialmente selecionados e treinados, com a óbvia finalidade de nos prejudicar... se é que o senhor entende o teor dessas palavras" dizia o homem.

Sem sombra de dúvidas o homem falava com propriedade, no entanto Nathan apenas escutava rumores de operações envolvendo a CIA e a SAD (que vem a ser a divisão de grupos paramilitares que trabalhavam para a CIA sob contratos, livre de jurisdição), sabia também que a SAD era financiada por grupos totalmente organizados, que iam muito além de simples mercenários recrutando agentes mundo afora para o tio Sam, tanto que seu grupo, o Delta Force que havia sido criado pelo governo americano por meados de 77 e implantado oficialmente em 79, atuava em conjunto com o SAD, em operações de conhecimento de poucas pessoas do governo. O Delta era composto oficialmente por três esquadrões, e um quarto esquadrão (não oficial), o chamado Rogue Squadron, que atuava em campo com o Codinome Delta 4, existia em estrito segredo dentro do alto comando das forças especiais no exército. Sua logística era baseada na não existência, os primeiros rejeitados no treinamento das forças eram na verdade os selecionados para a formação do grupo que atuaria por trás das outras que oficialmente existem, era ela que faria o trabalho sujo e que jamais viria aos ouvidos do presidente, mesmo em caso de falha, era a sombra dos outros 3 esquadrões, e geralmente atuava em conjunto dos grupos ligados a SAD, compartilhando da mesma inteligência, afim de regular o poder da SOCOM (comando de operações especiais do exército americano) e CIA, era o máximo que poderia se ter de controle das forças sobre a atividade dos grupos paramilitares em termos de compartilhamento de informações e ações conjuntas. Em resumo, eram os soldados que seriam enviados sempre a morte ou para cometer sérias atrocidades diplomáticas ao redor do mundo sem ter o peso na consciência dos americanos.

No entanto jamais havia escutado a respeito em específico do codinome SWORD, sabia da existência de experimentos com soldados especiais e treinamentos para missões de alto risco, mas pensava se tratar de unidades semelhantes a sua dentro das outras Forças, ou mesmo da inteligência, era dentro dessa autonomia e obscuridade que pessoas como ele trabalhava e sabia que esses nomes não surgiriam ao acaso, ainda mais se tratando da descoberta do Delta 4 por partes dos homens que o aprisionavam, só tentava imaginar se era algum outro membro de sua equipe sob tortura ou de se tratar de algum espião para verificação de tais informações.

Porém, até onde sabia, todos estavam seus companheiros estavam mortos, não poderia haver sobreviventes...

Águia do Deserto

Nova Iorque - EUA
dias atuais - 2241 horas - Clint's Tequila Bar

Chovia aquela noite, notícias espalhando o medo de atentados terroristas tocavam na televisão quando deslizava pelo balcão mais uma dose de tequila, em meio ao medo as pessoas por todos os lados do estabelecimento criticavam o fato da existência de individuos com super habilidades assolta e sem controle. Aquela era notícia antiga, só os que fechavam os olhos para aquilo não viam que era um problema histórico totalmente nãqo relacionado com ideais, religiões ou richas culturais, era pura e simplesmente o intinsto humano se exteriorizando, e aquelas pessoas não eram diferentes umas das outras, sejam com poderes, deficiencias, pobreza e riqueza ou credo divergentes, todas eram apenas pessoas e estavam sujeitas ao conflito.

"Mais uma dose por favor Charlie" batia o copo vazio na mesa enquanto que este que o atendia secava o balcão do bar e lhe servia novamente uma boa dose de tequila.

Olhava para o copo enquanto via que em meio as discurssoes acaloradas e vozes de descrença haviam aqueles que ainda defendiam o bom senso, e que nada daquilo que se noticiava na televisão viriam a mudar o mundo de forma significativa, afinal de contas, desastres como aqueles se tornavam tao comuns nos dias atuais que tudo aquilo pelo qual vivenciou no passado parecia algo incomum... o que de fato não era.

Riyadh - Arabia Saudita
meados de 1980 - 2150 horas - proximidades da base aérea das forças armadas americanas

Ao termino do ultimo gole de vodka o soldado se levantava e partia em direção a porta, antes pagava a moça seminua que atendia as portas do bar, via-se muitos soldados com prostitutas se divertindo e um cheio forte de tabaco pairava no ar. Entrava dentro de um pequeno jipe e dirigia até a base aérea americana em Riyadh, sabia claramente que a cada esquina que cruzava não era bem visto, ainda assim tentava permanecer incognito.

A cena durante a viagem de carro até a base se tornava um grande flash, e logo em seguida se podia ver um grande avião contendo 4 soldados com pinturas escuras nos rostos, prontos para partir, era denoite, a unica coisa que se podia ver era uma grande quantidade de areia que entrava a medida que a comporta se fechava.

Logo olhava para os outros 4 que o fitavam com responsabilidade, como se esperassem que dissesse algo, podia vê-los concordando e falando mas não conseguia extrair direito os trechos das falas, apenas então uma prancheta podia se enxergar em suas mãos, escrito confidencial, com os dizeres 'Delta' e 'operação Garras da Águia', em seguida entrava outra pessoa, aparentemente se dirigindo a sua pessoa "Senhor, estamos prontos para partir, a primeira equipe já decolou, o Coronel Becket nos deu sinal verde", podia-se ouvir o afirmativo e logo aqueles 4 homens ao seu lado começavam a checar suas armas, vestiam-se com roupas escuras e camufladas, e portavam armas pesadas.

Em seguida pulava-se a cena para o avião em forte turbulência, um grande clarão, todos em polvorosa olhando pela janela e vendo uma bola flamejante a centenas de metros de distância abaixo , e rastro de luz para tudo que é lado, algo estava errado, mesmo sem entender as palavras que eles diziam era claro a preocupação daqueles homens, até que da boca daquele que se recorda se ouvia "Temos que prosseguir com a nossa missão...". Em seguida se viam trechos rápidos dos soldados junto a ele saltanto de uma grande altura pelo compartimento traseiro do avião, todos trajando paraquedas e com forte equipamento, a respiração ao que se parecia com uma mascara de oxigênio enquanto que via pelas lentes era uma queda em grande velocidade.

A próxima cena já era dos soldados entrando surdidamente ao que parecia numa mansão ou prédio com adornos ricos em detalhes e metais, sala após sala os homens os quais o acompanhavam iam sorrateiramente neutralizando um a um as sentinelas que faziam a guarda, até que chegassem num hall gingantesco, e após a contagem regressiva todos invadiam os posentos... a partir daí os flashes ficam mais fortes e velozes, só se podia escutar gritos e o cheiro de ferro muito forte, os olhos deste que recorda estão fitando o teto enquanto que outro soldado grita ferrozmente e o arrasta para fora da sala, barulhos fortes e difusos se escutam em meio a rajadas de armas de fogo e sons estridentes como se algo muito duro ou resistente fosse quebrado ou partido, de derepente em meio toda aquela confusão ouvia a pessoa que o arrastava gritar de dor e ver seu braço e tronco sendo seriamente feridos, de imediato vira para o escuro e este que se recorda simplesmente atirava, como se quase tivesse certeza de estar acertando algo pois todos seus sentidos estavam totalmente aguçados, para logo em seguida conseguir, totalmente tomado pela adrenalina, esquecer da dor e mover-se... o suficiente para puxar o homem ferido do chão e ambos se jogarem por uma janela.


O estrondo do impacto dava lugar a uma voz distante que o chamava "Senhor Nathan...?"

Olhava para cima e via uma figura de pele envelhecida, o fitava com duvida "... irá querer outra dose?"

New York -USA
dias atuais - 2248 horas - Clint's Tequila Bar

"O senhor parece distraído, gostaria de aceitar outra dose ou iremos encerrar por hoje?" indagava o senhor de idade que o atendia "se me permite dizer senhor, creio que já esteja na hora de parar, pelo que vi o senhor parecia estar totalmente desligado da realidade".

Sem poder dizer o contrário e já com uma baita dor de cabeça, Nathan Flynn Webber, Coronel das Forças Especiais, se levantava e sorrindo dizia "Me desculpe Charlie, dias dificeis no trabalho... tome, fique com o troco e mande um abraço para Linda e Arthur" já vestindo seu casaco de couro abria a porta do estabelecimento.

Chovia forte e fazia frio, olhava com desgosto para aquele clima, e ainda debaixo do toldo que lhe dava abrigo ele lentamente puxava um charuto e o acendia, dava uma tragada, e tossia...

"Tsc, essa droga ainda vai me matar...".

Disguise

Quando conheci Grenko Mardov, tive de imediato a certeza de que não se tratava de um ser humano. Isso foi a 4 anos e, na ocasião, lembro-me de tê-lo julgado um animal selvagem e irracional. Hoje sei que estava parcialmente correto em minhas conclusões precipitadas. De fato, os anos mostraram-me que Grenko Mardov não era, de fato, humano. Mas eu me enganava, e hoje sei disso, quanto a sua real natureza. Hoje, quatro anos após abandonar minha antiga e sepultada vida e me tornar Yulav Dardenko, braço direito do mesmo Mardov, sei que tal indivíduo – talvez o mais extraordinário que eu já tenha conhecido – não é um animal selvagem. Não. Grenko Mardov é a realização somática mais genuína que se possa chamar de um monstro. Um legítimo monstro retirado das antigas literaturas vitorianas.

Não tenho a menor idéia de como ou porque ele se tornou o que é. Não sei de histórias de infâncias duras na URSS, nem de qualquer tipo de abuso físico ou psicológico ao longo de sua adolescência, se é que esse homem já foi mesmo algum dia uma criança.

O aspecto e fama de Mardov não advêm apenas de sua dureza como líder. É bem verdade que ele executa pessoalmente todo capanga que não cumpre seus deveres, como também é verdade que já o vi matar a sangue frio homens, mulheres, crianças, idosos e até gestantes com igual e indiscernível frieza. Mas nada disso era real diferencial no meio em que trabalha.

Grenko Mardov é um sujeito sem qualquer nível de escolaridade que aprendeu absolutamente tudo o que sabe por empirismo e teimosia. Essa teimosia rendeu-lhe os dois atributos que o tornaram respeitado, temido e procurado internacionalmente.

Primeiro, Grenko é um gênio nas artes às quais se propôs. Atira, luta e comanda melhor do que qualquer um das dezenas de Special Ops que já matou. Aprendeu os idiomas de seus inimigos e espalhou seu poder pela Ásia Menor. Controla tudo aquilo que compreende dentro de sua facção e deixa tudo o restante que não compreende em minhas mãos. Tenho que confessar, afinal: nenhum dinheiro no mundo pagaria o risco que corro diariamente. Eu, como os outros, se sigo Mardov é porque o admiro.

Segundo, porque Grenko é implacável. Em combate e em debate, absolutamente implacável. Intransigente, impassível, ele transparece enquanto negocia e enquanto luta que não vai ceder nada em condição alguma. Sei que isso parece exagero, mas como já disse: eu o vi liderar por quatro anos, e em todo esse tempo, ele só fez impressionar – para bem e, mais freqüentemente, para mal – a mim e a todos que o conheceram. Se nesses quatro anos eu disser que o vi errar uma única vez, minto.

E foi por isso que, quando aquele homem com fenótipo oeste-europeu e sotaque francês bateu na porta da frente do quartel-general e disse que tinha uma adesão, tive a certeza de que não era um Interpol disfarçado. Porque Grenko pessoalmente abriu a porta para o homem, apontando-lhe um rifle e olhando-o no fundo dos olhos.

Olhos de gatuno, foi o que Grenko me disse, quando perguntei-lhe como sabia que não era uma armadilha. Olhos de gatuno, segundo ele, podem ser encontrados em bandidos, terroristas, assassinos, ladrões, mercenários e até mesmo em alguns políticos. Nunca em policiais ou agentes da lei. Uma forma de olhar para as pessoas e para as coisas que as pessoas portam e para as coisas ao redor das pessoas. Mais do que tudo, acredito que Mardov se impressionou com a audácia do sujeito.

O misterioso homem se apresentou como Jean Jacques Perrault, certamente um nome falso. Ex-assassino da máfia francesa, ex-mercenário no Taliban. Dizia ser capaz de derrubar doze homens armados e de liderar qualquer grupo de assalto. Grenko gargalhou e lembro-me do sujeito limpando a saliva que voava da boca de Grenko enquanto ria. Lembro-me de ver Grenko saindo da sala e ordenando aos mais de vinte que lá estavam junto comigo para que matassem o homem e jogassem seu corpo aos cães.

Mas, com muito mais nitidez, lembro-me de ver aquele homem desarmar, fraturar e nocautear mais de vinte homens e, de tudo, nada me é mais claro na memória do que o momento em que ele quebrou meu braço esquerdo em três partes distintas. Chutou nossas costelas quando caímos no chão, descarregou um fuzil nas paredes da sala como quem desafia qualquer um a se opor, e gritou por Mardov.

Mardov atendeu-o prontamente, caindo de um salto pelas costas do homem, e eu pude ver sua faca enterrando fundo e rasgando generosa a carne do intruso, lavando com seu sangue um capanga caído. Acreditei que aquilo encerrava tudo e que então Grenko nos daria um longo e violento sermão sobre como somos fracos.

Deixei de acreditar naquilo quando vi o homem se levantando com a mão sobre a barriga e notei que o ferimento havia simplesmente desaparecido. O homem misterioso que se chamava Perrault era um deles, um dos inumanos, que a mídia chama Geneativos.

Ele se levantou e, no minuto que seguiu, trocou socos e golpes com Mardov. Quando pareciam cansados, Grenko acenou e disse que já bastava. Parecia, ao menos para mim, impossível acreditar naquilo, mas o homem ganhou a confiança de Grenko Mardov exatos quarenta e dois minutos após entrar pela porta de sua casa.

“Ei, Yulav, o chefe ainda não saiu?”

Meus pensamentos se interrompem com a voz de Boris. Ele, como eu e como todos, não está se sentindo nada confortável com isso. Grenko e o homem já a duas horas trancados sozinhos na sala de reunião. Já escutamos um tiro, uma janela quebrando, e uma gargalhada. De resto, mais nada. Não é o primeiro negociante livre que chega aqui, mas é o primeiro que negocia com Mardov sem estar rodeado por armas.

“Teremos que esperar, Boris. Eu confio em Mardov, mas também estou curioso para saber o que esse francês quer”.

Frio.

Era inverno em Moscou, as pessoas evitavam sair de casa, preferindo se manter aquecidas em sua toca bebendo muita vodca. Mikhail Arshavin voltava do trabalho as 17 horas como sempre fazia. Seu motorista parou em frente da sua mansão e abriu a porta para ele. A neve caía grossa e pesada, nublando a visão e entorpecendo a pele, mesmo sob o pesado casaco, Mikhail tremia.
Ele entrou pela enorme porta dupla de carvalho com passos rápidos, buscando o calor de seu lar, enquanto seu motorista fechava as portas e voltava, no frio, para guardar o carro. Dentro do Hall, portas fechadas, ele depositou seu pesado casaco no guardador como sempre fazia e se encaminhou para a sala em busca de um gole de conhaque. Mikhail era um homem de hábitos regulares e se irritava quando algo estava fora do planejamento, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, todos os seus movimentos eram planejados com antecedência e meticulosidade. Seus filhos eram criados de uma forma diferente do convencional, brincadeiras e carinho tinham hora marcada e contada, assim como todas as atividades das crianças.
As 17 e 30 ele estava relaxado em sua poltrona terminando de ler seu jornal, enquanto fumava um cigarro tomando conhaque. Sua mulher e filhas só desceriam para a sala as 18 horas quando ceiariam, estavam envolvidas em suas atividades e não poderiam interromper Mikhail em sua leitura. Ás 17 e 40 seria servido o café pela empregada para abrir o apetite e a disposição de mikhail para a conversa com a família. Mikhail gostava de saber os pormenores da existência de suas filhas e do que acontecia em sua casa, de certa forma, procedia como no trabalho, com meticulosidade marcial. Ele trabalhava na contra espionagem Russa, departamento A34 para assuntos externos, cuidava de eliminar possíveis agentes duplos e espiões infiltrados, nos seus 45 anos tinha um currículo militar admirável, de lealdade ao país.
Ele trabalhava na central de Moscou cumprindo um suposto horário comercial de trabalho, o prédio um edifício da Petrolífica Nacional, ramificação da contabilidade, somente uma fachada para a agência Russa. Alguns dias Mikhail fazia serões que varavam a madrugada, mas na maioria dos casos, como este, cumpria seu horário comercial normal. Estranhamente ele se portara mau-humorado no jantar, não perguntara nada para as filhas, permanecera quieto. Sua mulher tentou puxar assunto, mas ignorada, foi-se deitar. Ele permaneceu na sala, deveria estar lendo, mas os acontecimentos do trabalho o incomodavam. Uma discussão que mais parecera um interrogatório guiado por Nicolai, o chefe da espionagem, seu colega de trabalho odioso. Nicolai era uma máquina e suas engrenagens eram movidas por sangue. Nicolai adorava interrogatórios do velho modo da KGB, excruciantes. " A verdade só vem com a dor, a dor da morte" dizia ele sombrio, e depois ria para si mesmo, como se contasse uma piada antiga. Mikhail odiava-o, contudo Nicolai era demasiado eficiente para ser eliminado, tão eficiente quanto Mikhail, o que só aumentava seu ódio. O mais estranho foi a discussão que os dois tiveram, Mikhail se pegava pensando nisso desde que chegara. Ele inquiria Arshavin acerca de negociações com os árabes que Mikhail havia aprisionado, acusando-o de corroborar com os invasores e de ser um agente dos árabes. Era uma tolice, Arshavin nunca trabalharia para os árabes, ele ajudava os Estados Unidos fazia anos! Seria uma tolice comprometer-se com árabes.
Entretanto, Nicolai agira de modo estranho para o seu próprio comportamento, discutindo abertamente, ele que fora sempre reservado, nunca faria uma acusação dessas em aberto. Mikhail tomou um gole de conhaque, estava cansado e a neve caía ainda pesada lá fora. Dentro do quarto a lareira esquentava seus pés enquanto seu pensamento divagava na discussão com Nicolai. Estaria ele em perigo? Por precaução mandara um dos oficiais eliminar Nicolai, seu nome é Andrei Rasputin, um frio assassino da contra espionagem, encarregado do serviço de limpezada agência. Rasputin era rápido e sigiloso, cumpria seu papel sem fazer perguntas e não se questionava sobre quem mataria, era o melhor agente da organização e tinha vários privilégios. Nicolai dizia que ele era um dos geneativos, um dos modificados, mas Mikhail nunca tinha visto nada de especial em Andrei, nada a não ser sua habilidade em matança e sua aparência estranha, com olhos repuxados cinzas e cabelos brancos. Não era de se estranhar, sua mãe era uma mestiça afinal, japonesa e russa. Mas várias informações acerca do seu passado era consideradas secretas, até mesmo para Mikhail. Depois de um trago ele pousou o jornal. eram 20 e 45. Nicolai haveria de estar morto.
Ele bebeu o resto do conhaque num brinde de comemoração, sorriu, seu humor melhorara só com o pensamento de que Nicolai não mais existia. Se virou para a janela e quase caiu sentado novamente. A sua frente estava o mestiço, alto, branco, e frio. Ele olhava diretamente nos olhos de Mikhail, o que era aterrador conhecendo a fama do assassino que atendia por Mushin. "Você terminou o serviço?" perguntou Mikhail com a voz trêmula, as chamas da lareira ardiam fortemente. Andrei caminhou para a lateral da sala, ignorando a pergunta e ligou o rádio, um cd de Tchaikovsky tocou alegremente e preencheu a sala. Mikhail nervoso perguntou novamente.
Andrei se virou para Mikhail e respondeu" Ainda não, mas... Nicolai mandou lembranças." Eram 20 e 51 quando Andrei voltava para o frio.

Innuendo

Em 1947, na pequena cidade de Roswell, nos Estados Unidos da América, uma experiência envolvendo alguns dos maiores cientistas do mundo e um artefato de origens e propriedades desconhecidas desencadeou uma sucessão de eventos que, nas décadas seguintes, daria início a uma Guerra Fria de supersoldados e arquivilões que mudaria por completo e para sempre o destino do pequeno planeta Terra e de alguns de seus patéticos habitantes. Não para melhor, na maioria dos casos, e não de quaisquer de seus patéticos habitantes. Na verdade, apenas alguns poucos – predestinados, eleitos ou simplesmente condenados – de qualquer sorte de poder – humano ou superior – que o colocasse em condição de ver ligeiramente através das paredes de vidro negro. A presença de super-humanos nas principais agências governamentais de Inteligência do mundo cuidou , nos quase 70 anos que hoje nos separam da infeliz e audaz experiência de Roswell, para que tais eleitos tivessem seríssimas dificuldades em agir furtivamente na Terra de 2017. É claro que medidas como aquelas eram absolutamente necessárias, visto que mesmo assim não era possível conter por completo os movimentos desses predestinados. Alguns deles se infiltravam em organizações para-governamentais de iniciativas ocultas para buscar proteção. Outros, tentavam unir-se para somar possibilidades. Existiam, no entanto, alguns condenados que haviam entrado no jogo por acidente, e agora precisavam manter-se vivos. Eram em geral pessoas com poder demasiadamente insignificante para interessar a qualquer grupo de poder, e ao mesmo tempo perigosos e traiçoeiros demais para conseguirem aliados. A essas pessoas, os mais desgraçados de toda a Tragédia Roswelliana, restava cavar buracos até os mais profundos confins da Terra e, de lá, tentar mover suas peças em um tabuleiro de xadrez infinito onde cada peça – cada reles peão – é um jogador.

Grenko Mardov era um desses homens. No ano de 2017, seu grupo de extermínio conseguiu recrutar um jovem com habilidades sobre-humanas. Ninguém soube detalhes de como isso ocorreu, mas nos meses seguintes, o grupo de extermínio de Grenko Mardov decuplicou em contingente e influência. Havia entrado, em Agosto de 2017, na lista dos 50 mais procurados da Interpol, e sua lista de crimes superava até mesmo a de países em que era procurado. Sem poderes que o mantivessem a salvo de olhos e garras hostis, Mardov buscou segurança isolando-se no lugar mais obscuro e remoto que conseguiu encontrar na Terra.

Duchambe, 02h11min AM, GMT+5, hora local.
Tente imaginar becos escuros, de poucos metros de largura entre paredes de pedra irregular e madeira rota e úmida, chão de uma terra vermelha seca a ponto de agredir as narinas de alguém pouco habituado ao árido. Ao longo dessas ruas, homens, mulheres, velhos, crianças e animais partilham em total igualdade da glória do Grande Allah e da desconsolante miséria da menor e mais pobre nação da Ásia Menor. Dos seus pouco mais de sete milhões de habitantes, mais da metade vive em situação de insustentável e deplorável pobreza. Seus fiéis súditos de Allah, os Tadjiques, ainda se recuperavam de uma guerra civil que a menos de duas décadas devastara toda a pequena nação do Tadjiquistão. Seus habitantes, árabes, persas e russos ainda remanescentes, resquícios da Guerra Fria, viviam um governo de desmandos e corrupção que deixava poucas portas abertas ao progresso e muitas a interesses de homens como Grenko Mardov.

E foi em um daqueles becos, escuros e imundos, de odor transitando entre suor, excrementos e ópio, iluminado por uma ou outra rara lamparina a óleo e pelas estrelas de um céu limpo como a Terra jamais seria, que Claude Monet Nistelroy, trajando vestes locais pobres e intencionalmente surradas, olhou ao redor e perguntou-se como diabos encontraria aquele homem naquele inferno.

É bem verdade que qualquer homem, honesto ou bandido, cristão ou muçulmano, veria em tal paradigma um problema insolúvel. Claude não conhecia sequer o centro de Duchambe, a capital do Tadjiquistão, quanto menos sua periferia. As ruas eram incubadoras de assassinos, prostitutas, mercadores de ópio, vigaristas em geral e toda sorte de ladrões. Pelo menos com a última casta Claude estava bem habituado. Os adeptos da vida fácil de Duchambe não podiam, afinal, ser tão diferentes dos de qualquer outro lugar. Além disso, Claude não era qualquer homem, não era um bandido e tampouco um homem honesto e nunca fora cristão ou muçulmano.

Não falar sequer uma palavra do idioma local, uma variação moderna do persa chamada Tadji, também não era exatamente um problema para quem sabia se comunicar com o corpo. Um olhar ameaçador, uma mão que rouba Somonis do bolso de um Tadjique para estendê-los a outro, alguns eventuais e inevitáveis golpes, sempre tomando cuidado com velocidades excessivas, e a capacidade de pronunciar em voz baixa o nome de Grenko Mardov, foram suficientes para que antes do nascer do Sol o londrino com nome francês e sobrenome holandês chegasse ao pequeno sobrado de pedra com grades altas e grossas de ferro arcaicamente enferrujado.

Sabia que estava agindo precipitadamente, sabia que entrar em sigilo no Tadjiquistão, perguntar pelo nome de Mardov nos becos do submundo, roubar, espancar e ameaçar seus homens e bater à porta da frente do covil de um homem que foge de algumas das mais poderosas instituições do mundo, não era exatamente o que se chamaria de um plano prudente e bem arquitetado. Mas Claude sabia improvisar, sabia pensar rápido, e tinha consigo que somente isso poderia mantê-lo no controle da situação toda.

Com movimentos felinos e inauditos, ele se esgueirou escondeu, saltou por sobre grades e nocauteou dois guardas do portão sem emitir um único ruído. Pegou suas armas, os amarrou ao portão e, com a maior naturalidade que seu amadeirado semblante permitiu, acendeu um charuto, caminhando até a grande porta igualmente amadeirada da frente, batendo nela com três pesados golpes. Uma pequena janela de deslizar correu lateralmente, revelando um par de olhos azuis e um cano metálico que parecia de uma .45 norte-americana. O homem grunhiu algo interrogativo em idioma Tadji, que Claude incompreendeu por completo. Deu uma longa tragada no charuto. A fumaça esvaiu, revelando aos olhos azuis um Claude de cabelos grenhos e ensebados, sujo, malcheiroso e que não fazia barba a mais de uma semana. Tirou o charuto da boca e disse aos olhos e ao cano, no mais puro e legítimo inglês que conhecia.

“Diga ao senhor Mardov que ele tem uma adesão”

Times: Milionário Senador.

Ele é brilhante, bonito e milionário, ascendeu como um dos maiores empresários atuais e está entre os maiores inventores da nossa história, com o chip de identificação virtual e o motor solar 3200. Além disso criou uma fundação para promover a ciência e a educação. Mas quem é esse homem, será ele mais um dos tubarões empresariais? Um playboy afetado? Quem é Richard Harris Teabing e o que o motiva a concorrer pelo Senado de Nova York?


Por Tessa Harkness.


Times: Senhor Teabing, muitos o consideram um tubarão empresarial, além disso, foi acusado de espionagem industrial no caso dos acidentes de Nova York, contudo também é um dos maiores filantropos da mesma cidade. O que pode nos contar sobre isso?


Richard: (risos) Você vai direto ao ponto não é? Bom, antes de mais nada eu gostaria de pedir que você não me chamasse de senhor, isso me faz sentir como se tivesse idade pra ser seu pai ou algo do tipo e, convenhamos, ficaria estranho qualquer relação desse tipo. Quanto a ser um tubarão empresarial, eu acho o termo meio afetado, como aquelas fantasias yuppies em relação ao tamanho do falo, entretanto em se tratando do mercado norte-americano, antes ser um tubarão empresarial do que um peixinho, contudo me culpar pela falha dos meus oponentes soa um tanto estranho. Veja só, Nova York é uma cidade imensa e movimentada, por si só já é um caldeirão de probabilidades, agora acrescente a isso a onda de supercrimes que começaram a acontecer antes do atentado, qualquer amador pode observar os gráficos e ver que eles estavam aumentando, o que eu fiz foi me prevenir pra uma catástrofe iminente, solidifiquei minhas finanças e tive muita sorte de fazer isso um dia antes, pois se tivesse demorado mais, muitos funcionários da Warden poderiam estar na rua hoje e eu não gostaria que isso acontecesse, não me considero um filantropo, mas eu acho que se existe uma forma de melhorar nosso mundo é por meio do trabalho e da educação e é por essa razão que é vital a continuidade do trabalho na warden.


Times: E é por essa razão que você decidiu se candidatar ao senado?


Richard: Sim e não. Eu decidi me candidatar pois acho que posso fazer a diferença, que posso dar o melhor de mim para as pessoas e no senado eu posso fazer mais do que somente como empresário. Afinal, existem mais setores do que a educação e o trabalho, setores além da ação filantrópica.


Times: E você vem enfrentando dificuldades pelo fato de ser Galês? Como você lida com isso, você se considera um estrangeiro?


Richard: Não vejo dificuldades e nem motivo para esconder minha nacionalidade. Eu nasci em Gales, estudei em Oxford, mas já conheci metade do mundo e escolhi os Estados Unidos como casa e ele me acolheu de braços abertos. Muitos esquecem que esse país foi forjado pelo sangue e suor dos imigrantes. Os ingleses, os africanos, irlandeses, italianos, japoneses, coreanos, chineses, poloneses, alemães, árabes, turcos, judeus, e mais outros. Os únicos que estavam aqui em origem eram os nativo-americanos. Portanto as únicas etnias que podem criticar a imigração são eles.

Times: Muitos o consideram um solteirão convicto, outros o chamam de libertino. Qual é a sua versão da sua vida pessoal? Você tem namorada?

Richard: Eu devo confessar que tive uma vida boêmia, sempre gostei de me divertir e sempre gostei de uma boa música, por sinal, as duas coisas são encontradas com mais freqüência no horário noturno. Mas eu deixei de ser sozinho faz um bom tempo (risos). Sim eu tenho uma namorada, deveras linda, contudo nossas profissões nos afastam um pouco, embora eu goste muito dela. E não, eu não sou um libertino (risos).

Times: Voltando pras eleições, qual é o carro chefe da sua campanha pelo senado? Quais suas principais propostas?

Richard: Eu não diria que é um carro chefe, nem propostas, veja bem, eu elaborei um planejamento econômico do estado pros próximos vinte anos, contando com melhorias na infra estrutura do transporte, com a reformulação do ensino público devido ao acréscimo de novas bolsas de estudo, com um maior incentivo as fundações e com uma nova política super-humana. Acho então que o carro chefe da minha campanha é planejamento e não simplesmente uma proposta ou uma promessa vaga.

Times: E qual a sua opinião sobre os Super-humanos?

Richard: Minha opinião é muito boa (risos). Bom, eu penso que os meta-humanos são uma realidade. Não adianta fechar os olhos e ignorar a existência deles, nós já tivemos várias experiências com eles e é inegável seu poder de alteração do mundo. Entretanto a política atual em relação aos meta-humanos é estranha, a França como sempre repeliu tudo que é diferente, a Inglaterra abraçou os meta-humanos como heróis... e nós? Estamos indecisos? Alguns de nós, eu tenho certeza, querem iniciar uma caça as bruxas, entretanto não é esta a política que um país deve tomar, afinal nós estamos na terra da liberdade, não somos fascistas, somos? Ao meu ver, estamos todos esquecendo uma coisa: Por mais que estes meta-humanos tenham poderes exacerbados, eles ainda são humanos, muitos deles cidadãos americanos, que vivem e pagam seus impostos. Alguns só querem levar uma vida normal, outros usam seus dons pra proteger os outros e como sempre existe os mal orientados que usam seus dons em proveito próprio ou para praticar crimes. Estes devem ser julgados por uma lei específica e confinados em prisões que sejam capazes de prendê-los. É tolice hoje, querer julgar num julgamento aberto e com a tecnologia comum seres extremamente poderosos. Há de se fazer uma reavaliação dessa situação sem esquecer a humanidade no caminho. @







The Adorable Cricket - Parte X - Final

Quando finalmente se acostumou com a luz, a Salteadora ficou realmente assustada. Estava cercada de super-heróis, ou, mais precisamente, dúzias de posters e action-figures de super-heróis. Tentou se levantar, mas uma dor enorme nas costas decidiu que não era uma opção viável.

"Olha só! Acordou a Cinderela!" falou Josh. Girou a cadeira para se acomodar melhor e fechou o notebook. "Como está se sentindo?"

O rosto da menina apresentava um misto das expressões não-consigo-coçar-aquele-cantinho-costas e da famosa quem-é-você-e-onde-estou. "Quem é você? Onde estou?" Ela tentou mover os braços, mas além da dor, eles estavam sob toneladas de cobertores quentinhos, e algo dizia que seria melhor se manter aquecida. E algo lhe dizia que o rapaz não tinha assistido filmes da Disney o suficiente para saber quem era Cinderela.

"Eu sou um amigo do Carismático Cricket! Ele te trouxe aqui e disse para te tratar bem. Você está no meu quarto, eu até limpei as coisas, não é sempre que uma garota bonita vem aqui." Ela corou, mas provavelmente foi mais raiva que qualquer outra coisa. "E você se machucou muito, os médicos disseram que vai ficar de cama por um bom tempo..."

"Médicos? Não, eu... eu preciso sair daqui!" Disse ela, tentando se levantar novamente e quase gritando com o esforço. "Droga, você não entende, os médicos não podem me examinar, eles vão..."

"O Precavido Cricket me disse que pensou nisso quanto te trouxe pra cá. Ele só te levou para o hospital por causa dos ferimentos, mas assim que os médicos disseram que estava estável, ele fugiu com você do lugar." Josh sorria como um gato, se gatos pudessem sorrir. "Mas você deve estar com fome! Quer que eu faça uma sopa?"

"Olha, eu agradeço o que você está fazendo, mas eu não posso ficar aqui! Você não entende, eu..." ela estava realmente preocupada com o fato de não poder se mover.

"Bom, vou trazer uma sopinha então." Josh saiu do quarto.

Os minutos seguintes foram tentativas frustradas de se levantar, constatação de que não conseguia sentir as pernas e o incomodo cheiro de xampu estranho em seus cabelos. Finalmente, seu corpo começou a responder aos estímulos. Sentiu uma dor horrível quando sua espinha começou a apresentar sinais de melhora, mas era assim que tinha que ser. Sentiu-se feliz quando sentiu que os pés estavam quentinhos.

Por fim, Josh entrou no quarto com um prato de sopa quente e um copo d'água. Teria trazido um suco ou refrigerante, mas não sabia o que a menina gostava. "Aqui, uma sopinha bem sonsa. Você não é alérgica a batatas, é?"

Ela sorriu. Josh se sentou do lado da cama e colocou gentilmente um guardanapo sobre o cobertor. Ele com certeza teria dado sopa na boca dela, não fosse pelo fato da menina ter cambaleado pela cama e, num movimento rápido, estar segurando ele contra a parede, apoiando o braço em seu pescoço.

"S-se você não g-gosta de batatas - ufff - eu também tenho pizza!" Disse Josh, tentando se manter respirando. Ela não apertou forte o suficiente para machucá-lo de verdade, mas a menina era muito mais forte do que aparentava. Do tipo de força que arranca do chão um homem crescido e o arremessa metros adiante.

"Chega de brincadeiras! Onde eu estou?" Ela apertou um pouquinho mais. Josh pensou que até poderia sair, mas não era uma boa idéia destruir o quarto para algo tão besta.

"Newark - coff - N-newark! Dá pra pegar o trem pra New York daqui, não é nem meia hora!" Ele colocou as mãos no braço dela, tentando empurrá-la, mas não fez muita força. "Você - arff - v-você não faria a gentileza..."

"O que?" Ela então notou que o rapaz estava vermelho, e o soltou. Ela corou, envergonhada, por alguns segundos. "Desculpe-me, não sei o que deu em mim. Mas quem é você, afinal?"

Ele retomou a respiração e esperou um pouco antes de falar, como se estivesse tomando fôlego. "Eu me chamo Josh, sou amigo do Memorável Cricket, já disse." Respirou mais um pouco. "Ele disse que você havia se ferido e que não podia deixá-la no hospital, então pediu para que eu cuidasse de você!"

Ela pensou alguns instantes. Sentou-se na cama, como se soubesse que pudesse confiar em Josh. Ele a achava bem atraente; cabelos dourados, olhos azuis e corpo atlético. Usava aparelho, era verdade, mas não se importava.

"Que horas são?"

"Umas duas e meia."

"Então eu fiquei apagada por quase meio dia. Parece que tomei uma surra... quer dizer..."

"Um dia e meio. Hoje é domingo."

"Que?" Ela pulou novamente, e ele se protegeu instintivamente com os braços. "Não, eu não acredito! Meus pais vão me matar! Eu tenho que ir embora!"

"Eu posso te dar uma carona, se quiser. Quero dizer, posso te acompanhar, eu não tenho carta de motorista ainda. Ou você pode telefonar!" Ele disse, pegando as coisas que havia derrubado no chão. Ela se desculpou novamente.

"Eu... não sei como agradecer, mas eu preciso ir sozinha. Eu, eu tenho que fazer umas coisas. Eu já estou bem, não precisa se preocupar." Disse ela. Na verdade, ela se sentia tão bem quanto se sente a maioria das pessoas que entra na emergência de um hospital, mas não podia esperar.

Eles comeram o resto da Pizza do outro dia e conversaram sobre o tempo. Josh emprestou roupas, mas ficaram largas. Os tênis particularmente saiam dos pés. Era estranho estar vestindo as roupas de um menino, mas ela procurou não pensar nisso. Ele a acompanhou até a estação de trem comprou a passagem e deu-lhe o dinheiro para o ônibus.

"O Confiável Cricket disse para você esperar ele hoje à noite, onde se encontraram da outra vez. Ele está com suas coisas, acho que vai ficar contente em poder devolvê-las." Disse Josh.

Ela sorriu. Ficaram se olhando por alguns segundos, até o trem apitar. Ela então deu um passo à frente e deu-lhe um beijo rápido nos lábios. "Obrigado por tudo!" disse, e entrou no carro sem olhar para trás e partiu. Seis metros dali estava a vizinha Sally, que havia seguido o casal, querendo saber quem era a garota estranha que estava com Josh. Ela saiu correndo chorando antes que Josh pudesse notar sua presença. Alias, Josh não notou nada por uns bons três minutos.

...

Naquela noite, Cricket estava esperando. Estava no topo da torre da antena, comendo um cachorro quente com cebolas e mostarda, típica iguaria da Grande Maçã. Perdeu-se nos pensamentos (e na música em volume absurdo que tocava em seu iPod).

"Desculpe o atraso" disse ela "Fiquei presa no transito". Cricket se assustou novamente e caiu da torre de metal. A Salteadora pulou na mesma direção.

"Ah, oi! O Preocupado Cricket adoraria saber se está tudo bem com você." Ele se levantou e limpou a roupa. Por sorte, os poderes (e a experiência em cair de lugares altos) permitiram que ele não se machucasse.

"O que você queria falar comigo?" ela disse, meio desconfiada.

Cricket saltou novamente na torre; a menina se assustou um pouco. Ele caiu uns segundos depois, segurando uma sacola. "Aqui, suas coisas. Eu costurei o uniforme, se não se importa."

"Eu... obrigada". Ela pegou. Mexeu nas coisas e notou que a bolsa ainda estava lá, com as coisas que tinha pegado. "Você... por que você..."

"Precisamos confiar uns nos outros se queremos sair vivos nessa linha de trabalho. O Informado Cricket sabe sobre os remédios. Não geram dependência, não são alucinógenos. São perigosos, no entanto. O Preocupado Cricket acha que você deveria contar a verdade." Ele estava sério.

Ela se sentou no parapeito do prédio. Cricket a acompanhou. A cidade parecia um oceano de pequenas luzes. "Você está certo. Seu sei que é pedir de mais para confiar em mim, mas... bem, eu vou contar tudo, desde o começo."

E contou. Cricket podia sentir a sinceridade nas palavras. Pensou que Cricket & Salteadora realmente não sairia tão ruim nos jornais. Bem, eles pelo menos poderiam se aliar quando ele viesse para Manhattan, não é mesmo?

The Naïve Cricket - Parte IX

Entrar numa sala de emergência com uma garota ferida nos braços seria uma cena de filme, não fosse pelo fato de ambos estarem fantasiados. O mais incrível é a estranha capacidade dos médicos plantonistas ignorarem todos os detalhes estranhos e prepararem imediatamente uma sala de cirurgia.

"Estavamos saindo de um baile a fantasias" disse Josh ao policial "Ai quatro ou cinco caras nos cercaram, queriam o dinheiro... ah seu guarda, eu não consigo me concentrar, eu estava assustado"

O policial assentiu com um sorriso. "Meu bom garoto, você é corajoso de mais. Todo ferido, ainda trouxe a namorada nos braços. Com certeza vamos pegar esse vândalos, a polícia vai fazer o possível!" e saiu do quarto.

Josh estava com várias bandagens, cortes costurados e recebia uma transfusão de sangue. Ainda era três da manhã, e esperava notícias da Salteadora. Além de inventar umas bobagens para manter os policiais ocupados, era só fazer o papel de garoto assustado de mais para entender qualquer coisa e não fariam perguntas.

Não era a primeira vez que teve de ser costurado. Falando a verdade, era a quarta só esse mês. Por alguma sorte, seus ferimentos se cicatrizavam muito mais rápidamente que o das pessoas comuns. Na outra semana, havia tomado um tiro no ombro; hoje não havia nem cicatriz. Sabia que tinha que ser rápido e sair pela janela assim que estivesse se sentindo melhor, mas não podia deixar a Salteadora sozinha. Ele precisava ver ela, precisava falar com ela. Não queria que ela... não podia deixar que morresse sozinha. Os ferimentos dela eram muito graves, disseram os médicos.

"Senhor Parker... Parker Kent, é você? Sua namorada está estabilizada. Foi um milagre cirurgico, eu ainda não entendo o que aconteceu. O ferimento desviou dos orgãos vitais, não houve sangramento interno, ela realmente foi abençoada!" disse um médico ainda com marcas de sangue na roupa.

Josh quase pulou da cama. Depois, conversou com o médico. Sua namorada, "Mary Lane", estaria livre do hospital em uma semana, apesar de provavelmente permanecer esse período inconsciente. Provavelmente teria de fazer muita fisioterapia, pois a ponta da flecha raspou na espinha; teria dificuldades para se mover por meses. Mas apesar disso, estava estabilizada e não corria risco de vida.

Claro que Josh já estava pensando adiante. Ele havia visto a menina tomar o disparo, e era impossível que a flecha tivesse desviado de qualquer orgão vital. A solução lógica era que ela, assim como ele, se curasse mais rápidamente que pessoas comuns. E claro, isso trazia uma nova série de problemas. O que os médicos diriam quando ela começasse a se recuperar milagrosamente, apesar do acompanhamento próximo? Será que lembrariam que eles entraram no hospital vestidos de super-heróis?

Cricket não pensou nisso por algum tempo. Pelo menos não até o trem parar na estação final em Newark. Incrível como as pessoas não notam uma menina inconsciente com roupas de hospital às cinco da manha num trem que vai contra o fluxo.

The Instable Cricket - Parte VIII

A vantagem que super-poderes dão em uma briga é assunto para lendas. Para Cricket, era como se o mundo fosse feito de papel e se movesse em câmera lenta. Nunca havia lutado assim antes, movido apenas pelos instintos. Os anos de Kung Fu haviam apagado esse seu lado, acreditava. De certa forma, era louvavel como mesmo em fúria, seus golpes mantivessem todas as características do estilo.

O Alvejador ainda sim era um adversário bem mais que digno. Estava com quatro costelas quebradas, parcialmente surdo e com o ombro deslocado. Ainda sim, havia enfiado vários dardos e lâminas no adversário, e não parecia nem um pouco interessado em parar. "Aceite, garoto, você vai sangrar até morrer, não importa o quão violento você seja sobre isso." Parecia manter a confiança, da forma que fazem os profissionais diante de um problema que já resolveram mil vezes. "São os fatos!"

Cricket não respondeu. Na verdade, nem escutou, nem sentiu as feridas em seu corpo escorrendo sangue. Manteve-se avançando, mesmo sabendo que tal atitude taurina não seria nem um pouco saudável. A única coisa que podia pensar era que alguém havia sacrificado a própria vida pela sua, e que não era uma troca justa.

"Você não tem chances de vencer, já está fraquejando. Nem com toda a força e velocidade do mundo você vai -" mas o Alvejador teve que parar de falar. Exige extrema perícia para se falar com o maxilar quebrado, e essa era uma das habilidades que ele nunca havia tido tempo de treinar. Cricket aproveitou o silêncio oportuno para desferir mais um golpe, arremessando o vilão na parede metálica do barco.

"Você já era! Eu vou quebrar você de um modo que você nunca mais consiga jogar nada! Nem video-poker!" E chutou o vilão no estomago. O Alvejador era profissional o suficiente para saber que agora tinha cinco costelas quebradas, e mais duas trincadas.

Cricket olhou com furia para o inimigo caido e cerrou os punhos. Seria extremamente fácil esmagar o crânio desse monstro, nem a mãe dele iria sentir falta. Tremeu as mãos, ameaçou, mas não conseguiu. Não conseguiu desferir um golpe fatal.

"Egah ixda dida..." apontou o Alvejador, ainda fortemente abalado pelo impacto.

"O que?" Cricket parecia reconsiderar o golpe fatal.

"Eua... a meinha... a medina... eua izda ziza" apontou novamente. "Zi voze gorrer vode zaubar a ziza deia..." o Alvejador parecia ter encontrado uma forma de permanecer vivo.

Cricket olhou para trás. A Salteadora estava encostava numa estante, sangrando. Parecia se mover, se tivesse tentado arrancar a flecha do peito e desistido. Gemia levemente.

Foi o suficiente para o garoto sai correndo. Agarrou-a nos braços e sorriu. Saltou pela abertura no teto e avançou pelos prédios da cidade em direção à um hospital. A vantagem que super-poderes dão em assuntos de vida ou morte também é assunto de lendas.

The Lone Cricket - Parte VII

A Salteadora lutava com a graça de um rinoceronte míope numa loja de cristais, notou o Perceptivo Cricket. A menina batia com a confiança de um caminhão cargueiro nos pobres bandidos desalmados, num ritmo que dava um pouco de dó.

Diferente de Cricket, ela preferia atacar pelas sombras. Subia pelos caixotes do porto e caia com os pés no peito dos pobres infelizes que haviam feito pobres escolhas vocacionais como se fosse feita de pedra. O interessante é que era tão ágil que poderia ser usada como parâmetro para imaginar o que aconteceria de Bruce Lee usasse Crack, caso Bruce Lee lutasse como uma menina nervosa. Na verdade, era a total falta de técnica aliada aos movimentos rápidos e de força extrema que faziam que Josh prestasse mais atenção nela do que na luta.

Cricket, por outro lado, era instrutor honorário de Kung Fu, estilo do Louva-Deus. Seus golpes, aliados com todo aquele Parkour que aprendera e ao uniforme davam a impressão de se estar lutando contra um grilo gigante e tagarela. "O Moralista Cricket vai fazer uma palestra sobre armas de fogo..." E distribuiu uma dúzia de golpes em um dos homens. "... no auditório da penitenciaria estadual!". Chutou numa pirueta o último dos homens, e sorriu. "Bem, bem, Salteadora! Parece que formamos uma bela dupla, você e o Amigável Cricket!".

Não houve resposta.

Cricket tentou senti-la com o Sentido-Cricket, mas havia simplesmente sumido. Fez silêncio (inclusive chutando um dos homens que estava gemendo no chão) e tentou se concentrar. Talvez por isso, ainda esteja respirando.

Uma seta do tamanho de um lápis 02 cortou o ar, e Cricket teve menos de uma fração de segundo para tirar seu corpo da reta; a seta quicou por entre as caixas e retornou, mas Josh conseguiu evitar o disparo saltando uma dúzia de metros para cima. Isso deu tempo para encontrar seu agressor, que estava parado no telhado do armazém onde ele e a Salteadora estavam momentos antes.

"Agora fique parado ai, que vai ser só uma picadinha, não vai doer nada!" O Alvejador era um homem mais alto e forte do que parecia nas fotos de seu site. O uniforme, no entanto, era mais feio. Preto e amarelo, numa seqüência de alvos desenhados. Usava óculos amarelos (o Plagiavel Cricket sentiu-se ofendido) e possuía uma quantidade enorme de armas à distância penduradas pelo corpo, das quais um enorme arco de caça era o menos discreto. "E pode escrever na lápide que foi o Alvejador."

Ficar parado não era uma das especialidades de Cricket. Ele não tinha nenhuma vocação para a coisa. Desviou com certa facilidade dos dois primeiros disparos, mas a terceira seta rasgou o kevlar leve da armadura corporal e perfurou sua coxa. "Ah! Seu f-" profanou Josh enquanto caia no chão.

"Olhe o linguajar, moleque. Eu acertei a artéria femoral com um dardo oco. Se você tentar remover, ele vai abrir a ferida. Se deixar ele ai, ele vai servir de canudo para o sangue sair. De uma forma ou de outra, você vai morrer por sangramento em três minutos." O Alvejador empunhou o enorme arco e preparou cuidadosamente uma flecha com aspecto de poucos amigos.

"É veia - hugh - seu inculto." Disse Cricket, enquanto apertava o ferimento.

"Como disse?" falou o Alvejador num tom de desinteresse.

"Veia Femoral. A - aarg - artéria femoral é do outro lado. Não teve aulas de biologia não, lá no cursinho para capangas do mal?" Cricket esperou o Alvejador demonstrar um sinal de fraqueza por um segundo, devido à provocação. Saltou imediatamente, com a maior dor do universo lembrando que havia um corpo estranho afundado em sua perna.

O Alvejador atirou uma flecha de surpresa. Uma excelente surpresa, ela atingiu em cheio a mão esquerda de Cricket, perfurando-a fora a fora. Mas Josh já estava preparado. Com toda a força do mundo, ainda no primeiro instante do pulo, bateu as canelas uma contra a outra. Um ruído enorme tomou conta do lugar, mil vezes mais estridente que giz raspando na lousa. Foi suficiente para destroçar as tábuas do cais e explodir vidraças próximas. O vilão perdeu o equilíbrio por um instante, deixando cair o arco; havia sangue saindo de seus ouvidos.

Era o tipo de distração que Cricket precisava. Não iria conseguir enfrentar o cara sozinho, não estando tão ferido. Não de frente. Dar uma surra no Morsa e seus capangas era quase que uma terapia, mas lutar com um assassino treinado não era nem um pouco divertido.

Seguiu seu instinto e entrou no navio. Podia sentir o perfume da Salteadora no ar. Amassou o cilindro de metal para evitar que mais sangue saísse de sua perna, arrancou a flecha da mão e gritou mais palavrões do que havia nos últimos dois meses combinados. Correu por entre o convés da embarcação, um cargueiro pequeno e enferrujado. Teve certeza de sentir a menina no andar de carga, e se jogou sem pensar.

A Salteadora estava lá, e mais dois homens caídos no chão. Ela estava de frente a uma das várias prateleiras de suprimentos médicos, mas fazia algo estranho. Jogava desesperadamente caixas de alguns dos medicamentos em uma bolsa que carregava por baixo do manto. Ela notou Cricket, e deixou cair vários pacotes, assustada.

"Eu posso explicar! Não é o que parece!" Ela disse, aflita.

"Não é o que parece, é? Eu quase morro pra te ajudar e você é uma ladrazinha mentirosa que só queria um palhaço pra enganar, não é isso?" Cricket estava tão furioso que estava falando em primeira pessoa. Como qualquer pessoa sensata, odiava ser enganado. Andou na direção dela num passo meio autoritário, meio coxo.

"Espere! Eu preciso desses remédios, você não entende! A minha vida é um inferno por causa dos poderes, eles são descontrolados! Se eu não me medicar eu vou enlouquecer, ou morrer!" E apesar do suplício, não parecia mais que uma ladrazinha drogada agora. Ela parecia assustada de mais para correr.

"Olhe aqui, suma da minha frente, você tem sorte de eu estar ferido! Mas da próxima vez que te ver sujando o nome de uma heroína de verdade, vou te entregar em papel de presente para a polícia!" Cricket deu um soco numa das estantes, que caiu, derrubando tudo que estava lá. O barulho de metal batendo em metal era muito forte.

Era tão forte que não ouviram quase 100 kg de mercenário cair na sala. O Alvejador ainda tinha sangue escorrendo dos ouvidos e das narinas. Não fosse o capacete especialmente projetado, Cricket estaria na mesma situação. "Bem, bem, cavalo dado não se olha os dentes. É hora de fechar a cortina!" e disparou.

A flecha cortou o ar, passando por entre uma prateleira, indo numa reta perfeita em direção ao coração de Cricket. Um a um, foi passando pelos oito metros de obstáculos que separavam o herói do vilão, estourando pacotes de remédios e zumbindo voraz. Por fim, atravessou-lhe o peito, derrubando uma linha de sangue logo atrás.

Cricket olhou assustado. Havia sangue em sua máscara. A Salteadora caiu em sua direção, segurou-a pelos ombros. Ela sussurrou bem lentamente, engasgada. "Eu n-não sou uma má p-pessoa — urhn — eu só achei que não ia f-fazer mal a n-ninguém se... se eu — ahgh — se eu... p-por favor..." e caiu pesada.

Ele a abaixou lentamente no chão e levantou-se mais furioso ainda. Ela havia se sacrificado por ele, mesmo depois do que ele dissera. Não era certo. Não podia ser assim. "Péssima jogada, cara. Péssima jogada."

The Amused Cricket - Parte VI

Saltar veloz pelos cânions de vidro-e-aço que é Manhattan? Fantástico. Transformar isso numa corrida não oficializada até o ponto mais distante da cidade? Diversão.

Cricket e Salteadora, eis um bom nome para uma dupla. Salteadora, pensou Josh, dava um nome bem razoável para uma ajudante. Ela teria de mudar o uniforme, com certeza: cinza-e-preto não combinavam com heroísmo. Faltava-lhe verde, que é uma cor bem mais nobre.

Queria ter conversado com ela durante o trajeto, mas se deslocavam de modos diferentes. Ele era do tipo que saltava feito um inseto, o que era de se esperar. Ela corria pelos parapeitos e atingia os terraços por pouco. Todo esse pensamento fez com que ele continuasse avançando, até, minutos depois, notar que já havia passado do porto. Retornou meio envergonhado, encontrando-a no telhado do armazém B-29, que ficava convenientemente no canto mais mal iluminado e isolado das docas.

"Ali embaixo, perto daquela barca enferrujada. Contei oito homens, mas nem sinal do Alvejador." Ela então olhou para os capangas, uns dez metros adiante. "Você sempre se perde assim?" Soltou, enquanto guardava um par de binóculos pequenos.

"Você sempre grita quanto pula?" disse o Afiado Cricket, enquanto discretamente alargava a roupa em regiões mais intimas. Arrependia-se da idéia idiota de usar roupas justas, que por mais que ficasse legal nas fotos, são frias, desconfortáveis e sempre te lembram se você comeu mais do que devia nos últimos dias.

"Em primeiro lugar, eu assustei por que eu escorreguei... umas vezes. E depois, o que tem de mais em gritar? Eu sou menina!" Cricket sabia que nessa hora, faltavam também sobrancelhas na máscara da Salteadora. "Preste atenção, aqueles caras estão armados. Aposto que tem mais deles por ai, e não vai demorar pra perceberem que estamos aqui! Vamos primeiro procurar os medicamentos, e ai vamos limpar a área pra polícia, entendido?"

Cricket colocou as mãos nas anteninhas no uniforme. Nem eram enfeites, mas potentes antenas de rádio que garantiam que estivesse sempre sintonizado com o canal da polícia, e que não perdesse o horário de piadas no final da tarde, entre outras coisas. Mas o uso de que ele mais se orgulhava eram os "Grilos no Sinal", um gerador de interferência num raio de 20 metros, por pelo menos dez minutos (ou menos, não lembrava se as baterias estavam recarregadas).

"O Atento Cricket está ciente do plano, mas gostaria de ter sua parte do acordo cumprida." Disse ele, ganhando tempo para analisar o ambiente com seu Sentido-Cricket.

"O quê? Não está vendo que estamos num ninho de cobras?" Talvez tenha passado pela mente dela que seria uma boa idéia colocar sobrancelhas na máscara, não fosse pelo tradicional senso de ridículo tão ausente em aventureiros mascarados.

"Bem, o Justo Cricket acredita que trato é trato, certo?" Ele arrumou as lentes da mascara como quem ajusta óculos; muitas pessoas não sabem, mas lentes amarelas ajudam a ver melhor no escuro. Quando se tem tanta paciência quanto Josh, é fácil colocar ajustes focais discretos para usar como luneta ou lente de aumento, conforme a necessidade. "Qual seu sorvete favorito?"

"O quê?" ela disse, quase esquecendo de que tinha que sussurrar.

"Qual seu sorvete favorito?"

"Você não pode estar falando sério! Eles vão nos matar!"

"Qual seu sorvete favorito?" Disse ele num tom mais melódico, quase musical.

"Ah, droga. Pistache. Eu gosto de Pistache." Nessa hora, talvez nem as sobrancelhas fossem suficientes.

Ele ainda estava se concentrando nos seus super-sentidos. Parte do truque para que ele parecesse fabuloso era que as pessoas nunca soubessem quanto trabalho realmente dava alguma coisa. Enquanto a Salteadora se mantivesse ocupada, ele poderia gastar o tempo refinando o mapa mental do cais em sua mente. Claro que na condição de rapaz adolescente, ele gastou mais tempo analisando a topografia da menina que do terreno de combate. "Qual sua música favorita?"

"Ah, não, pare com isso! Não vê o quão perigosa é nossa posição?"

"Qual sua música favorita?" Cantou ele novamente.

"Ah... Sweet Home Alabama, do Lynyrd Skynyrd! Agora chega disso, vamos acabar logo com esses caras!”Ela se colocou em uma posição da qual seria mais fácil se arremessar nos pobres infelizes contratados para fazer a segurança do lugar.

"O quê aconteceu com a antiga Salteadora?" Disse ele, pronto. Havia detectado mais dois homens que ela havia deixado passar, além de dezoito ratos, vinte e cinco baratas e uma colônia de cupins.

"Como assim, eu sou a única Salteadora!" Ela demorou, no entanto, mais de dez segundos para proferir tais palavras

"Sim, bem, então eu vou indo para casa, até mais." E fez que ia pular para longe.

"Não! Ei, eu respondi! Espera ai!"

"Mas não respondeu sinceramente, não é? Meu sentido Cricket sabe quando uma pessoa está mentindo", disse ele, quando seria mais fácil dizer que ela não parecia nada com a menina nas fotos.

"Ai, droga. Eu não posso contar! Eu prometi!" Ela parecia um pouco aflita com o fato de oito homens armados ainda não terem notado a presença dos dois tagarelas.

"Bem, se vai ser assim, o Decepcionado Cricket vai voltar para casa, afinal o Trabalhador Cricket tem que acordar cedo para salvar o dia..." E se ela caísse nesse truque, ela com certeza era a maior crédula da face da terra. Na verdade, ele já havia decidido que ia ficar no momento em que ela mandou bem no sorvete. Pistache é verde, e nada verde pode ser completamente ruim.

"Droga, ta bom. Eu... ela... ai, ai, droga, ela..." e ficou uns bons segundos balbuciando. "Ela morreu, está satisfeito? Ela era minha amiga, e morreu. Eu achei que o melhor que eu podia fazer era tomar o lugar dela." Parecia triste enquanto falava, chegando a engolir o choro.

Cricket colocou a mão no rosto dela (ou na máscara por baixo do manto) e sorriu. Não ligava se a menina tivesse demorado tanto tempo para inventar uma desculpa, nem do fato de não acreditar nela. Ela parecia realmente disposta para salvar o dia, e isso era o que importava.

"Bem, então, vamos lá. Você pega o da direita."

Ela olhou para ele, se recompondo. "Como assim, o da direita?"

Ele não respondeu. Na verdade, saltou duzentos metros para cima, caindo no meio dos homens.

"Senhoritas, seria aqui por acaso a bilheteria para o show da Amanda Fontana? Eu sou novo na cidade, sabe como é!" e aproveitou os dez segundos em que os homens ficaram paralisados para nocautear o mais feio deles.

A Salteadora ainda olhava atônita para a situação. Ele simplesmente pulou no meio deles. O moleque se jogou no meio de oito homens armados, cada um do tamanho de um cavalo pequeno, e ainda fez piada! Ele era insano, completamente insano! "Como assim, o da direita?!" resmungou ela.

The Nostalgic Cricket - Parte V

A Salteadora? A mesma das fotos? Ele não tinha o álbum, mas havia feito download; era o que todo mundo fazia. A essa altura, Cricket sabia com certeza que a garota que estava a sua frente não era a Salteadora das fotos.

O vento frio e o trânsito foram o único som que se ouviu na torre por quase um minuto.

"E então, Cricket, eu... olha, você vai me ajudar ou não?"

"A Salteadora? A dos jornais?"

"É sério, eu não pediria ajuda se não fosse importante, não assim! Eu queria pular toda a parte do brigam-e-se-aliam, nós estamos do mesmo lado!"

"Mas se você é a Salteadora, o que aconteceu com o uniforme? O que diabos fizeram com seu corpo?"

"Como assim? O que tem de errado com meu corpo?" e então mudou o tom de voz para algo menos nervoso "Você vai me ajudar ou não?" Ela saltou da torre, caindo há uns poucos passos de Cricket, sem arriscar nenhuma acrobacia para abafar o impacto.

"É verdade!" disse ele, ficando ereto. Quando Josh se esticava todo naquela roupa verde, parecia ser bem mais alto e magro do que realmente era.

"O que? O que é verdade?" disse ela, confusa e impaciente.

"É verdade que o Gramático Cricket vai ajudar-ou-não" apesar do trocadilho ter parecido bem melhor em sua cabeça. Cricket estava desconfiado de mais para abaixar a guardar, então usava o truque de sempre: ser confusamente irritante, para desconcentrar eventuais inimigos.

A menina bufou, ou ao menos, Cricket pensou ter ouvido-a bufar. Enfiou a mão no manto e tirou um punhado de papéis. "Você acompanha as notícias nos Fóruns? Alguém está roubando suprimentos médicos em New York, e traficando para Porco Rico. Metade dessas coisas são substâncias experimentais, e tem alto valor no mercado negro."

Cricket ouviu tudo atentamente. Fez uma nota mental de construir sobrancelhas para sua mascara; sentia uma falta enorme da capacidade de franzi-las nesse instante. Ao menos, sentia falta das pessoas saberem que ele o estava a fazer. "O Sensato Cricket acha que seria melhor chamar a polícia e as demais autoridades competentes para resolver esse problema..."

"Não! Eles não conseguiriam fazer nada! Olhe só" apontou para uma das fotos "Não reconhece? Esse é Bart Clinton, O Alvejador, lembra? Ex-atleta olímpico, forças especiais, e agora, mercenário. O cara tem um site com tudo isso!" ela foi mudando as fotos "Um assassino desse nível não seria contratado para guardar essa carga, a não ser que fosse algo mais. Capangas chamariam menos atenção, e são mais baratos!"

"O Confuso Cricket não compreende! Se os bandidos têm dinheiro para contratar alguém tão barra-pesada quanto o Alvejador, por que não gastar esse dinheiro para conseguir os medicamentos legalmente?" ele havia notado que a 'Salteadora' usava um perfume bem suave, e que provavelmente havia lavado os cabelos fazia poucas horas.

"É esse o ponto! Eles estão obviamente querendo fazer com que isso pareça contrabando de remédios! Meu palpite é que eles têm algo grande lá, sabe? Algo tão grande que estão usando os medicamentos como cobertura, caso sejam pegos!" Ela parecia ter certa empolgação na voz.

Cricket estava ligando as idéias. Essa seria à hora perfeita para ele ter se lembrado de trazer o comunicador que Cruzader e Liquid lhe deram. O Alvejador era um nível acima do que qualquer coisa que havia enfrentado. Mesmo com ajuda, ele não estava confiante. Ele tinha milhões de perguntas para a desconhecida, mas só tinha uma resposta - não podia confiar nela. Não inteiramente. Mas, se quisesse saber o que estava acontecendo, teria que jogar o jogo dela.

"Bem, bem, o Indeciso Cricket aceita ajudar" ele notou que ela pareceu aliviada "Porem, com uma condição. Você vai responder as questões do Curioso Cricket enquanto isso."

"Como assim? Quero dizer, eu..." ela parecia meio aflita.

"O Sensível Cricket sabe que se a donzela usa uma máscara, é por algum bom motivo. O Confidenciavel Cricket não deseja saber sobre a donzela por baixo da máscara, longe disso. Em nossa linha de serviço, o Curioso Cricket quer saber sobre a donzela mascarada." ele novamente estava pronto para pular para longe.

"Eu... bem, se você não perguntar nada sobre minha... identidade secreta, eu respondo." disse ela. Cricket era o único aliado que parecia ter, e não queria perder a oportunidade.

"Bem, então o Satisfeito Cricket está pronto! Quando partimos?" Disse ele. Não confiava nela nem um pouco mais do que quando achava que era um trote de internet.

"Agora. Para o porto."