Em 2015, um grupo de super-humanos escapa de uma base do governo para salvar o mundo, e acaba descobrindo uma série de segredos sombrios. Essas são suas histórias.

The Exhausted Cricket - Parte IV

Josh saltou do trem assim que entrou em Manhattan. Literalmente.

Quando a gravidade finalmente se fez sentir, ele já estava no topo de um prédio de escritórios. O frio era terrível, nem mesmo o tecido térmico parecia fazer alguma diferença. Esfregou as mãos e vestiu o resto do uniforme, o que era saudável para manter a identidade secreta.

"Vamos lá, Cricket, sem timidez, você vai conhecer outro super-cara! Às vezes vocês podem até virar parceiros..." pulava de cobertura em cobertura. Às vezes, corria pelas paredes espelhadas de algum edifício por diversão. "Ou quem sabe um vilão novo para a galeria..." e lembrou-se de todos os avisos que Crusader e Liquid haviam passado no último sermão.

Chegar ao Empire State Building é extremamente fácil, quando se vai por cima. É possível ver o prédio de qualquer lugar da ilha, fazendo com que nem um idiota consiga se perder. "Ai vai o Nervoso Cricket cair numa pegadinha de um maluco de internet", gritou certo de que a 200 metros de altura ninguém o ouviria. E caiu graciosamente na beirada da torre.

Olhou ao redor. Céus, era uma queda monstruosa!, mas ele adorava isso. Nunca teve medo de altura, e o vento frio do topo-do-mundo aliado à vista assombrosa faziam com que se esquecesse de todos os problemas.

"Está atrasado", disse uma voz feminina. "Já passa da meia noite e quinze".

Cricket pulou de susto, trezentos e oitenta metros para cima. Demorou meio minuto para chegar de volta à torre.

"Ei, ei, ei!" disse, num tom de desculpa "O Pontual Cricket teve imprevistos no caminho!" Procurou pela mulher. Podia ver mais cores, ouvir mais sons e farejar mais odores que um ser humano normal, mas não tinha sentidos exatamente aguçados. Eram só um pouco diferentes. O "sentido-cricket", no entanto, que era extraordinário. Era como se seu corpo inteiro fosse uma antena para vibrações. Poderia mapear instantaneamente qualquer sala do mundo, desde que não fosse muito grande e estivesse moderadamente livre de entulhos.

"Cricket... eu li seu blog" disse ela. "Você é mesmo de outro planeta?" não era como se ele nunca tivesse ouvido essa questão. Na verdade, parte dele preferiria ter usado a história do grilo radioativo.

"Oh, sim, sim, o Alienígena Cricket viajou muitos anos-luz para chegar a esse planeta!" claro que o vento congelante atrapalhava tudo. Tinha quase certeza de que a moça estava escondida perto da torre de rádio, mas não podia dizer exatamente em que ponto. "Mas, calma lá! o Pwr@Pwr é um cara, quer dizer, um homem! Qual seu super-poder, você vira mulher? O Inquisitivo Cricket gostaria dessa resposta, donzela-cavalheiro!" disse, esperando localizá-la pelo som. Aprendeu esse truque cedo: tagarelar é ótimo para desconcentrar pessoas.

"Ei! Não! Eu sou mulher! Eu nasci mulher! Aquele profile é falso, não quero ninguém no fórum me tratando diferente!" disse, naquele tom de indignação que só técnicos de computador costumam usar. "Quero dizer, eu sou mulher mulher, mas aquele bando de nerds jamais me levaria a serio, iam ficar babando ovo!" mas não parecia conseguir explicar realmente.

Cricket pôde sentir, pela vibração do ar e do chão, onde ela estava. Mais ainda, pode sentir exatamente como ela era. Tinha entre 1,50m e 1,80m, pesava entre 40 e 60 kg, o que seria justamente o tipo de chute que qualquer pessoa, mesmo sem o auxilio de super poderes, seria capaz de dar. Certo, certo, não podia sentir exatamente, ela estava muito longe, e também estava ventando gelado!, Pensou ele, tentando consolar a si mesmo.

"O Paranóico Cricket gostaria de saber afinal, se você é... er... digamos, amiga ou inimiga? O Ofegante Cricket não gostaria de uma luta, está muito frio, e a corrida me deu fome..." falou, enquanto procurou por ela sem mover a cabeça. As enormes lentes que protegiam seus olhos (e metade de seu rosto) eram perfeitas para evitar que as pessoas soubessem para onde ele estava olhando. Claro que, há essa hora, ele já estava abaixado, como se estivesse se preparando para pular.

"Eu... olha, eu e você, a gente está do mesmo lado, ok? Pra falar a verdade, eu esperava que alguns dos caras da primeira divisão fosse aparecer... sei lá, o Lightning, o Sentinela..." disse ela, com um toque de desapontamento.

"Hey! Hey! O Ofendido Cricket pode não ser da primeira divisão, mas não precisa menosprezar! Mesmo heróis da segunda..." e ela interrompeu.

"Tecnicamente, terceira."

"Hey! Terceira já é maldade com o Menosprezado Cricket! Mas o Presente Cricket é tão herói quanto qualquer um, e só ele apareceu nesse encontro às cegas!".

"Oh, ok, desculpe. O que eu queria dizer é que eu esperava alguém mais forte. Eu sei que parece meio forçado, mas eu preciso de ajuda e o... digamos, o 'nosso pessoal', não é exatamente fácil de entrar em contato." Ela disse. "Eu acho que foi inocência minha, dei sorte de ter aparecido alguém conhecido, pelo menos. Mas... é que eu preciso de ajuda, de verdade."

Cricket estava com os braços apoiados nas pernas, ajustando levemente as luvas.

"Ora, mais é claro que o Disponível Cricket vai ajudar a donzela! Mas acho que é mais que justo que o Curioso Cricket tenha suas questões respondidas antes disso, não é?" ele disse. Ela concordou "Então, para começar, o Sagaz Cricket gostaria de saber... quem é você, ó donzela? Mostre-se!" A esse ponto, ele já estava preparando-se para pular para longe caso fosse uma armadilha.

Ela demorou alguns segundos, e então finalmente deu um passo para fora de seu esconderijo. Devia ter perto de 1,70m, e talvez uns 50 kg. Usava um manto comprido e um traje acinzentado por baixo.

"Eu sou a Salteadora".

Um comentário:

Unknown disse...

Eu não sei se eles se enquadram na terceira categoria... isso é meio pertubador pq eu ainda posso apanhar de um deles... Interessante eles se conhecerem, mas uma pena Wendy ter morrido

^^ pelo menos eu vou conheçer um lado dela que eu não vi... o lado vigilante em ação