Em 2015, um grupo de super-humanos escapa de uma base do governo para salvar o mundo, e acaba descobrindo uma série de segredos sombrios. Essas são suas histórias.

Café e uma Noite de Sono

Doia ainda, todos dias anteriores os quais vinha lutando, ficando acordado lendo aquelas notas que durante 5 dias da semana pareciam ter sentido algum e em algumas horas depois tudo se encaixava, pensava consigo mesmo se aquilo era algum tipo de desafio pessoal ou fruto de pura genialidade misturado com loucura de seu outro "eu" existente naquela dimensão daonde não guarda lembranças muito saudáveis. Olhava para o relógio, tinha pego um pouco no sono e a medida que seus sentidos voltavam logo olhava ao seu redor e via novamente aquele mesmo cenário: um computador a sua frente, uma escrivaninha lotada de anotações, outras parafernalhas super tecnologicas da HQ de Richard que algumas dela ainda nem fazia idéia pra que serviam, uma divisória de vidro espesso que dividia aquela sala de pesquisa ao isolamento radioativo e a furna aonde estava ainda repousando Christine, que ao que parecia estava acordada e olhando com um olhar de repulsa a tudo aquilo que eu estava fazendo.

"Da um tempo, to aqui me matando, sem esses olhares de 'fala sério' pra mim, já tive pacientes menos pacientes"

Sabia ele obviamente que as próximas palavras que sairiam da boca dela seria pra lhe gozar ou desmotivar, ainda sabendo que hora ou outra palavras de afeto e incentivo surgiam do nada, dando-lhe esperanças que ainda houvesse algum tempo restante.

"Ahhhh... quanto tempo será que eu dormi?"

- Teve uma boa noite de sono? - disparada ela do outro lado do vidro.

Lá vinha ela com as ironias, novamente, acho que eu não tinha pego nem 10 minutos de sono, acho que virou algo patologico ultimamente. Ou será que não?

- Hum... - recompunha-se - Tá!! Aonde paramos...? - sorria marotamente daquela novissima piada
- Eu há meses aqui parada e você ae que nem um tolo... - atirava novamente

Aquele joguinho de palavras até divertia de vez em quando, principalmente ao acordar de suas frequentes "pegadas de sono", logo olhava para o relógio de parede e via marcar 9 da manhã.

Logo lembrava-se do dia anterior ao que teve alguma idéia que pudesse auxiliar em sua pesquisa e volta a suas anotações sem perder a piada anterior que lhe pareceu muito boa.

- Ok, bom dia pra você também...

Ao passo que ouvia a do laboratório abrir já ouvia-se o chamado primordial

- Bom dia Nicholas! -entrava Richard em bom e alto tom.

"Vocês combinaram né?" - olhava para Christine que retornava com um sorriso irônico novamente.

- Café? - oferecia educadamente.

Logo virava-se para Richard e olhava para aquele copo de café expresso em sua mão.

"Obrigado amigo, mas não, preciso de algo mais forte" - pensava o médico acostumado a plantões.

- Obrigado... e bom dia para você também Richard - Logo que pegava o copo de sua mão e colocava ali do lado.

Nisso ele lembra-se exatamente de alguns anos atrás, parecia-se muito com aquele dia, a não ser pelo fato que não eram as mesmas circunstâncias, afinal era jovem e ainda não tinha tantos problemas para se preocupar... pelo menos não nas mesmas proporções.

Aproximadamente 6 Anos atrás, Oxford - Inglaterra

- Café? - oferecia ao homem de jaqueta branca.

-Não obrigado Nicolhas, preciso de algo mais forte que isso para poder chamar de café ha ha ha... - respondia sorridente aquele senhor de cabelos brancos, bigode e oculos, cujo humor só era sobrepujado por sua genialidade na medicina.

- Algum dia o senhor terá que me ensinar a receita do seu famoso café professor Neville.

- É, quem sabe um dia Nicholas, agora venha comigo, tem um caso interessante que gostaria de que analisa-se.

Aquele era Paul Jekins Neville, renomado doutor, pesquisador e mentor, era uma pessoa gentil e brincalhona, a não ser frente aos pacientes, aos quais tentava demonstrar um pouco mais de frieza e menos sarcasmo.

Era comum naqueles tempos de faculdade o doutor Neville sempre lhe levar para conhecer casos aos mais adversos os quais ele tratava ou mesmo pesquisava, parecia que dentro do corpo docente era o que mais simpátizava com o jovem Nicholas já que de acordo com ele se assemelhavam muito em sua juventude, os outros professores também o auxiliavam muito, no entanto era em especial o pegou praticamente para aprendiz, e para sua sorte este era o mais genial de todos dentro do grupo de pesquisadores de toda Inglaterra e um dos mais renomados da Europa, nessas horas Nicholas sentia-se privilegiado.

Dessa vez o doutor Neville estava deixando seu aprendiz encarregado de auxiliar em um de seus casos, coisa que já era comum, no entanto esse em especial marcaria a vida do jovem médico para o resto de sua vida: garota caucasiana, 11 anos; falha nos rins e fígado, provavél quadro clínico de lupus, antes já diagnosticada com cancêr o qual fora retirado há 3 anos e tratado pelo próprio doutor Neville, provável solução para o caso: transplante e constante tratamento com esteróides para tentar retardar o efeito do da lupus.

Seu professor tinha plena confiança em seu promissor aluno, mas sabia também que este não era perfeito, tendo consciência que algum dia este haveria de falhar e perder algum paciente. Afinal este era o destino de jovens doutores, aprenderem com acertos assim como com seus erros, e Nicholas estava ciente disso, que por mais que temesse.

6 anos atrás - 21:38 - hospital Radcliffe

Nicholas se aproxima do leito da jovem ao mesmo tempo que examina o seu quadro clínico, seu nome era Amanda, a pequena era alegre, nem parecia que tivesse passado há alguns dias atrás por um transplante e agora estava se recuperando.

- É.. ao que me parece você está melhorando a cada dia mais Amanda, creio que em 2 dias poderá ter alta, meus parabéns - o jovem doutor anunciava a jovem paciente e seus parentes.

Após muitos agradecimentos dos pais e da própria pequena este aliviado se retirava do quarto e dava de cara com seu mentor, contente por passar invicto por mais um paciente complicado.

- Não acha muito cedo meu bom rapaz? eu daria pelo menos 1 semana a mais de observação, lembre-se que nem sempre as coisas sao o que parecem ser. - advertia sorridente o cauteloso e experiente doutor.

Não achava necessário, afinal havia ela passado por tanto, e se recuperado tão bem, mas sabia que a advertência de seu mentor tinha algum tom de teste, sabia que este estava zelando por ele além de seus pacientes. Achou então interessante então ficar mais algumas horas no hospital, cumprir algumas horas a mais de clínica e de vez em quando verificar o quadro de Amanda.

Passados 2 da manhã o jovem doutor já estava totalmente fatigado pela rotina que vinha passando pelos ultimos 2 dias, sabia que tinha que se acostumar com isso pra futuramente passar por situaçoes muito piores no entanto sabia também que precisava descansar de vez em quando, algo que uma das enfermeiras o recomendou fazer há exatamente 1 hora atrás e que já recusava. Partiu então para a lanchonete do Hospital e pediu o tão aclamado café e também comida, para que se mantivesse acordado por mais algumas horas.

- Doutor... - alguém o chamava.

Parecia uma voz aflita.

- Doutor Von Buhler! código 2 doutor!!! - novamente clamava seu nome.

Como que de subito ele retornava a realidade, havia pego no sono, mal pode olhar para o pulso e ver 5 horas da manhã e já se levantava e partia acompanhado da infermeira que o levava para emergência, acidente de trânsito, precisavam de auxilio.

Nisso outra enfermeira esbarra com ele no corredor e quando olha do outro lado, por onde havia acabado de passar vê alguma movimentação no leito da pequena, parecia que também haviam chamado um código de emergência de imediato se dirije ao quarto para ajudar ignorando totalmente o chamado anterior, a essa hora a infermeira gritava como ninguém ao seu ouvido.

- É minha paciente!!! chame outro! - esbravejava enquanto tentava se desvencilhar da infermeira que ainda o chamava.

A jovem Amanda estava sofrendo novamente de falha multipla dos orgãos e em estado de taquicardia seguido segundos depois de uma cincope, Nicholas de imediato pede auxilio de mais infermeiras e ali se inicia o processo de ressusitação, 1, 2, 3 vezes, sem sucesso, novamente, 1, 2, 3 vezes, sucesso, em mistura de ansiedade e desespero Nicholas não consegue raciocionar direito e tenta desesperado trazer devolta a paciente ainda sem compreender o ocorrido, no entanto sem êxito. Estava feito, o destino dele assim como de outros havia se concretizado, havia perdido seu primeiro paciente.


- Café? - oferecia-lhe alguém.

Olhava perplexo para o teto quando é interrompido por alguem, era seu professor, Neville, oferecendo-lhe um copo de café e segurando outro em sua outra mão, a medida que ia se sentado ao lado do jovem Nicholas.

- E-uu, a perdi... - balbuciava custando a acreditar.

- Vamos, tome um pouco de café Nicholas, você sabia que algum dia isso haveria de ocorrer, você não podia fazer nada, foi de repente, ninguém esperava por isso.

- Mas senhor, eu estava dormindo, acordei de repente com outro chamado, como poderia saber...

- Não poderia... isso acontece, as vezes, não deve se culpar, agora tome um pouco desse café e vá descansar, vai lhe fazer bem, eu lhe garanto. - esticava ao jovem novamente o copo de café.

- Como poderia descansar num momento desses senhor... não depois de tudo...

- Confie em mim. - se retirava o professor enquanto tomava ainda seu café.

Doia ainda, sentia a dor de dentro por ter perdido sua paciente, seu corpo fatigado pelo cansaço, tudo doia. Quando lhe passava pelos labios aquele aroma forte do café e pela sua boca deslizava ele pode sentir algo diferente, como que um alivio, um cheiro diferente. Aquele não era o café comum da lanchonete, tinha um gosto mais doce ainda que tivesse gosto de café, era como se tomasse um vinho e sentisse aquela sensação após alguns segundos da degustação, aquilo o tranquilizava ao mesmo tempo que o trazia devolta a realidade, parecia que a dor havia se extinguido repentinamente, parecia que o cansaço não estava mais ali. Mas então por quê?!! por que pedir para descansar?

Olhava novamente para o copo de café e sabia, que o descanço não era algo apenas fisiologico, era algo também mental, quase que espiritual, mistico. Não poderia prosseguir dali em diante sem que houvesse uma profunda reflexão sobre todo o ocorrido, cairia a partir dali em desgosto ou não? era terrivel a sensação de não poder fazer nada, ainda que não transpareça ele sabia que aquele dia ainda se repetiria muitas e muitas vezes, e só lhe restaria 2 coisas a fazer...

... uma boa noite de sono, e seu copo de café.


HQ da extreme, tempo atual

Olhava para as anotações a medida que ainda sentia-se atordoado com o repentino acesso de sono.

- Não vai tomar seu café Nicholas? - perguntava Richard a medida que via o estado deplorável do amigo.

Logo ele sorria, se levantava e sem dizer nada saia do laboratório e seguia até a cozinha, ali como se fosse um mantra preparava o café, aquela receita que o fez compreender muitas coisas em sua carreira médica, coisas como perseverança, esperança, força de vontade.

E foi então adicionando 1 a 1 os ingredientes:

-8 colheres de café
-1/3 açucar
-1/3 xarope de chocolate
-1/4 xarope de malte ou 1/2 colher de erva doce
-5~20 cravos (tem efeito analgésico e regulador intestinal)
-4 palitos de canela
-limao e laranja espremido a gosto
-creme a gosto

Era uma receita antiga, adaptada do seu professor. Não deixava um gosto de café na boca e sim um gostinho doce gostoso, deixava a pessoa bem disposta, agia bem no estomago sem causar gastrite e previnia efeitos do alcool como cirrose,além seu principal efeito quase que mágico: era ótimo contra a dor...

Devolta ao laboratório com dois copos em mãos oferecia a Richard um dos copos, ao mesmo tempo que perplexo e sem compreender muita coisa ele o olhava, já Christine não, ela parecia compreender o significado daquilo, sorrindo quase que ironicamente, mas também ainda que por um segundo sorrindo normalmente.

- Café? - oferecia Nicholas Von Buhler a seu amigo Richard.

Um comentário:

Guilhotina Voadora disse...

Muito legal Mave, precisa de umas revisões só. Acho que você devia escrever mais amigão!! :)