Em 2015, um grupo de super-humanos escapa de uma base do governo para salvar o mundo, e acaba descobrindo uma série de segredos sombrios. Essas são suas histórias.

Aniversário de lágrimas.

Belfast, 13 de abril de 2013.

As chuvas na Irlanda são um espetáculo a parte. Quando do céu cinza as nuvens desabam suas lágrimas. Em nenhum outro lugar do mundo o pranto é o mesmo, em nenhum outro céu a melancolia se confunde tanto com a alegria. As lágrimas prostram-se no concreto das casas, no asfalto das ruas e nos casacos. Hoje, nas ruas enxarcadas, dois homens caminham. Um alto com um sobretudo negro, os cabelos vermelhos curtos em estilo militar escondidos pela toca verde, os olhos verdes profundos focados no invisível. O outro, de altura mediana, os cabelos negros escorrem pelo rosto desesperado, os olhos verdes se confundem com a chuva.
O sino de uma Igreja toca, como se as lágrimas dos anjos fossem saudadas pelo sinete de Deus. É a chamada para a missa, a convocação dos fiéis, soturnos ou desesperados. Ambos entram na Igreja.

"Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo" recita a palavra de Deus o emissário na terra. As pessoas sentadas, ouvem. O homem alto entra, ele tira sua toca e em profunda reverência se ajoelha. Foi ensinado a rezar assim, de joelhos, quando se é órfão, Deus é pai, mãe e padrasto. Há de se saber diferenciar cada faceta. Uma explosão tempos atrás, duas vidas apagadas, vetadas do futuro por um segundo de fogo infinito. Uma vida lançada na escuridão do mundo, suas lágrimas tocando as lágrimas do firmamento. Uma criança perdida, furtada do amor pertencido. Seu nome é James, ele segura um crucifixo dourado.

O outro homem entra, ele limpa o rosto contorcido pela angústia. A água que escorre de seus cabelos some no piso sacro. Seus olhos buscam a figura do Cristo. Os olhos do mártir dos mártires. Quando seus olhos tocam os da figura entalhada, sua alma chove. Tempos atrás uma explosão, Nitroglicerina concentrada compactada e conduzida ao inferno por uma fagulha fulgurante de fósforo. Duas vidas apagadas, uma antes de ser vida, negada da própria probabilidade mundana do ciclo do nascer. Dois futuros negados. Uma vida condenada ao ódio, a dor eterna da eterna dor interna. Uma dor que não fenece, todavia cresce, alimenta-se de mais dor. Seu nome é George, ele carrega uma mochila nas costas.

É chegada a hora da consumação do corpo do divino. O ritual católico atinge seu auge, os fiéis se levantam e enfileirados se dirigem para a remissão das suas almas ao devorar o corpo de seu Deus simbólicamente. James se coloca atrás de uma senhora, George atrás dele aperta alça da mochila com força. O desespero em seu rosto atinge o limite. "Você não deveria carregar um fardo tão pesado sozinho" diz o ruivo sem se virar. A atenção de George é trazida de volta de seu próprio tormento para o mundo exterior. "O que... o que você disse?". James se vira para o homem atormentado, seus olhos tristes encontram os do outro. Ele toca o ombro de George na altura da alça "Eu disse que não deveria carregar um fardo tão pesado sozinho, o que você traz consigo para a casa de Deus?". Seu rosto era a tristeza cortês do mortal condenado, a espada sangrenta embainhada. George recuou assustado, seus passos trêmulos como sua voz recuando. "Q q quê?... quem é você?" Suas mãos circulavam a mochila, como pássaros que protegem o ninho do falcão. "O que você quer?".

James baixa sua cabeça a essas perguntas, a senhora que estava a sua frente prefere ignorar a cena e se dirigir para o altar. Pombas voam assustadas com uma explosão distante no tempo, um carro em chamas, bombeiros, cães latindo assustados. Um menino perdido, na janela do apartamento assistindo. "Sou um pecador, esta é a resposta mais correta, um pecador perdido em busca da remissão dos seus pecados." ele levantou seus olhos e estes se chocaram com os de George. "O que eu quero? Que você me entregue este ódio que carrega consigo e que parta em paz." Por um segundo as vontades dos dois homens se digladiaram e trocaram pedaços de tristeza e raiva, sangue e sofrimento compartilhados. Vidas arruinadas, esperanças perdidas, vontades opostas. George recua ainda mais, agora, enraivecido pela sua própria cunfusão e humanidade. Determinado a seguir sua sina, ele leva a mão ao bolso do sobretudo e morre. O vermelho cobre seu peito, espalhando-se cada vez mais num círculo crescente em meio ao jorro da vida que se esvai. A lâmina suja da adaga respinga o líguido escarlate no chão sagrado, quando o corpo toca o chão num baque surdo, ainda demora-se três segundos para que as pessoas Dêem- se conta do ocorrido, começando a gritar desesperados. James se abaixa junto ao corpo, a adaga já guardada. Ele abre o bolso e retira um objeto singular, parecido como uma caneta grossa, mas com um botão no centro, pega a bolsa e sai, deixando o crucifixo no peito do homem. "Espero que agora a paz de Deus o acompanhe George Hamilton, e que o ódio que você carregava não o persiga na outra vida. " Dizendo isso ele se levanta, o padre estarrecido correndo em sua direção. O rosto coberto de medo, indignação e estupefação. As pessoas gritando por simplesmente não saberem o que fazer além disso. "James Stuart , capitão da primeira divisão anti-terrorismo do exército Irlandês. "Dizendo isso retira do bolso um documento de identificação do governo. Junto a este documento havia uma outra papelada dobrada com os seguintes dizeres: George hamilton, atentado em 2009 em Dublin deixa-o viúvo da esposa grávida, terrorista protestante, chegada 11 de abril de 2013.

Lá fora, a melancolia tocava a alegria nas lágrimas do firmamento. Onde mãe e filho poderiam descansar sobre o recanto da tristeza.

3 comentários:

Unknown disse...

???

e não entendi bem esse conto... alguem pode me explicar o que ele tem haver com a campanha?

Guilhotina Voadora disse...

a ver com a campanha? Talvez nada, talvez tudo. James Stuart é um Geneativo que eu criei e convenci o Cal a colocar no mundo dele. Ele é militar.

Mavericko disse...

Mentira Emo, essa foi uma tentativa sua na verdade de tornar razoavel o meio.